São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

comentário

Biografia faz revelações, mas omite finanças

DA FOLHA ONLINE

Logo na introdução da biografia "O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo", o autor, Douglas Tavolaro, faz uma pergunta que qualquer leitor com senso crítico faria: "como fazer uma biografia isenta de alguém que paga o seu salário?"
Tavolaro diz que o próprio bispo exigiu que o livro não fosse "chapa-branca". Ele até tenta, mas não consegue. Trata-se de uma obra parcial.
O questionamento crítico é limitado pela onipresença de Macedo, que impede o confronto em temas mais polêmicos -especialmente os que tratam de finanças.
Uma das grandes perguntas que ficam sem resposta no livro é o "faturamento" da Igreja Universal, e quanto dinheiro a igreja gasta de fato na compra de horários das madrugadas da Record.
Sobre a primeira pergunta, Macedo diz não saber "de cabeça" o valor. Sobre a segunda, rebate dizendo que também quis comprar horários da Globo e do SBT, mas que essas TVs recusaram. Ou seja, escapa pela tangente.
Isso também não tira o valor da obra, já que, independentemente de qualquer julgamento por seus atos, o bispo Macedo é uma personalidade interessante.
É curioso saber como ele tinha consciência que sua prisão em 92 funcionaria como marketing e agregaria mais fiéis à Universal. A "vítima" sempre sai ganhando, revela sem muito pudor.
Seu mea culpa sobre o "Chute na Santa" (95) até soa sincero. E é só, porque daí em diante grassam ataques ao catolicismo e ao papa.
Cabe lembrar que "O Bispo..." não foi feito para os amantes da literatura. O público-alvo é o fiel da Universal, o evangélico em geral, a classe C. E esse público vai ser atingido em cheio.


Texto Anterior: Bispo Macedo ataca Globo, ironiza SBT e revela sucessor
Próximo Texto: Bispo ex-dependente de drogas é apontado por líder da Universal como seu sucessor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.