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Vannuchi pede para AGU mudar parecer sobre tortura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Paulo Vannuchi
(Direitos Humanos) levou ontem à AGU (Advocacia Geral da
União) um pedido formal para
que o órgão altere o parecer enviado à Justiça de São Paulo
contra a ação do Ministério Público, que visa punir atos de tortura durante o regime militar.
Vannuchi disse que, enquanto ele estiver no comando da
secretaria, não irá "colocar uma
pedra sobre este assunto".
No relatório, entregue ao advogado-geral da União adjunto,
Evandro Gama, a Secretaria
Especial de Direitos Humanos
(SEDH) argumenta que ao menos três pontos da contestação
enviada à Justiça seriam "equivocados e conflitantes" com a
política nacional de direitos
humanos da União.
São eles: 1) Considerar que o
Ministério Público não é competente para propor ações sobre o tema; 2) afirmar que a Lei
da Anistia prescreveu os crimes
cometidos durante o regime
militar e, 3) alegar que os documentos e registros do período
já não existem mais.
No primeiro ponto, a SEDH
afirma que o tema em questão
-a punição de torturadores e o
acesso às informações- "não
se restringe às vítimas de tortura e seus familiares, mas que,
por se tratar de resgate histórico, afeta a sociedade como um
todo". Por isso, seria válido o
pedido do Ministério Público.
Já em relação à Lei da Anistia, o relatório diz que a previsão da prescritibilidade dos crimes de tortura "desconsidera"
tratados e convenções internacionais sobre o tema, "excluindo a incidência do Direito Internacional dos Direitos Humanos que está incorporada
em nosso ordenamento".
Sobre a inexistência dos arquivos do período em questão,
a SEDH afirma que há uma "solicitação da Casa Civil de confirmação da informação [vinda
do Ministério da Defesa, sobre
a destruição dos arquivos], bem
como de apuração sobre a destruição dos arquivos".
PT
Em nota divulgada ontem, o
Diretório Nacional do PT condenou os ataques "difamatórios feitos por setores conservadores e antidemocráticos"
contra os ministros Tarso Genro (Justiça) e Vannuchi, que
"exerceram o dever oficial de
promover o debate público" sobre os crimes de tortura.
No texto, a sigla reafirma
também as resoluções aprovadas ano passado no Congresso,
dizendo que crimes contra a
humanidade não prescrevem e
que a Lei da Anistia de 1979 não
beneficia quem cometeu crimes como a tortura.
O ex-secretário de Direitos
Humanos do governo Nilmário
Miranda, que esteve na reunião
do PT, também criticou o parecer da AGU. "É a mesma coisa
que a Alemanha democrática
defender o nazismo, o Chile defender o [ex-presidente] Augusto Pinochet", disse.
(FELIPE SELIGMAN E MARIA CLARACABRAL)
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