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OPERAÇÃO FAROESTE
Outros dez funcionários da instituição, além de empresários e advogados, foram detidos por policiais
PF prende chefe do Incra acusado de grilagem
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Uma operação da Polícia Federal para combater a grilagem de
terras públicas no oeste do Pará
prendeu ontem 18 pessoas, incluindo dez servidores do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o superintendente do órgão em Belém,
José Roberto de Oliveira Faro.
Também foram presos empresários de soja e madeira, advogados
e parentes de servidores, acusados de participação no esquema
de negociação de terras da União.
As prisões aconteceram em
Santarém (PA), Belém (PA), Manaus (AM) e Fortaleza (CE) e foram determinadas pelo juiz federal Fabiano Verli. Ele expediu 21
mandados de prisão temporária
sob as acusações de formação de
quadrilha, invasão de terras públicas, corrupção ativa e passiva e
crime contra a ordem tributária.
Até o fechamento desta edição,
três funcionários do Incra ainda
estavam foragidos.
Em Santarém, a Operação Faroeste (junção do sobrenome
"Faro" e de "oeste", região do Pará onde ocorreu o caso) prendeu
13 pessoas -duas delas escolhidas pela prefeita eleita da cidade,
Maria do Carmo (PT), para secretarias municipais. Osmando Figueiredo é advogado e foi nomeado secretário de Administração.
Hoje ocupa o cargo de presidente
do PDT em Santarém. Pedro Peloso foi nomeado secretário de
Desenvolvimento Regional e preside o diretório municipal do PT.
Indicado pelo PT para a superintendente do Incra de Belém,
Faro foi preso por volta das 4h da
manhã no aeroporto Eduardo
Gomes, em Manaus.
500 mil hectares
A delegacia da PF em Santarém
abriu três inquéritos para apurar
o esquema de grilagem. Segundo
a polícia, Faro autorizou de forma
ilegal a regularização fundiária de
500 mil hectares de glebas em
Santarém, Prainha, Trairão, Oriximiná e Placa, beneficiando
plantadores de soja e madeireiros.
As terras eram da União.
Documentos apreendidos indicam que o superintendente teria
recebido propina de R$ 300 mil. O
esquema de grilagem começou a
ser investigado em 2003, quando
a Polícia Federal de Santarém descobriu uma imobiliária que vendia pela internet terras da União.
Servidores do Incra, advogados
e parentes dos funcionários públicos sustentavam o esquema. Para
obter a regularização de grandes
áreas, os empresários cadastravam seus funcionários como "laranjas" nos processos apresentados ao Incra. Em troca de propina, servidores dos setores de cartografia, topografia e de emissão
do cadastro de terras beneficiavam os grileiros com os documentos utilizados na fraude.
Providências
Em nota oficial, o Incra e o Ministério do Desenvolvimento
Agrário anunciaram ontem a exoneração de Faro "e dos demais detentores de cargos comissionados
envolvidos", além da abertura de
inquérito administrativo "para a
apuração de responsabilidades".
O presidente em exercício do
órgão, Roberto Kiel, anunciou
também medidas para tentar evitar novos casos de grilagem com a
conivência de funcionários da autarquia. O presidente do órgão,
Rolf Hackbart, está na Espanha
participando de um seminário sobre reforma agrária. Ontem, foi
assinada portaria na qual o órgão
pede o recadastramento das senhas de acesso ao Sistema Nacional de Cadastro Rural.
Colaboraram ADRIANA MONTEIRO,
free-lance para a Agência Folha, em Belém, e EDUARDO SCOLESE, da Sucursal
de Brasília
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