|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO LULA
Meta é obter comando da Câmara sem depender de cúpula peemedebista
PT aposta em racha do PMDB e oferece cargo a dissidentes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O PT decidiu endurecer na negociação com a cúpula do PMDB
em torno das eleições para o comando do Congresso. Ao mesmo
tempo, aposta na ala dissidente
do partido e num acordo com o
PFL para eleger o deputado João
Paulo (SP) presidente da Câmara.
Para garantir o apoio dos dissidentes, o PT acenou com cargos
no governo. Os cargos de segundo
ou de terceiro escalão -cerca de
22 mil- atendem a algumas demandas de parlamentares e representam um espaço no governo. Para o primeiro escalão, não
há mais vagas.
Nas últimas 24 horas, os petistas
recusaram exigências da cúpula
do PMDB e impuseram novas
condições para o cumprimento
do acordo firmado após as eleições entre as duas siglas, num sinal de que o entendimento para
dividir o comando do Congresso
está para implodir.
Os termos do acordo inicial
eram simples: o PT apoiaria o
candidato do PMDB no Senado e
o PMDB, o candidato do PT na
Câmara. Ontem, em uma reunião
entre os presidentes dos dois partidos, os petistas impuseram novas condições. Exemplo: o acerto
não vale se houver alguma alteração na composição das atuais
bancadas no Congresso.
Formalmente, o PT se comprometeu com a tese de que o PMDB,
com 20 senadores, tem a maior
bancada no Senado. Mas isso pode ser reavaliado se a Casa, mais
tarde, interpretar que valem as
bancadas eleitas em outubro.
Neste caso, PMDB e PFL empatariam, com 19 senadores cada.
"Na nossa visão, a maior bancada é a que saiu das urnas. Nós gostaríamos que isso fosse respeitado
e não houvesse troca-troca", disse
o senador eleito e futuro líder do
governo, Aloizio Mercadante
(PT-SP), após conversa com o senador José Sarney (PMDB-AP),
candidato da dissidência da sigla
à presidência do Senado.
Foi um balde de água fria nas
composições que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder
da bancada no Senado, articula
para filiar novos senadores e consolidar sua própria candidatura
ao cargo reivindicado por Sarney.
Pela manhã, em conversa com
Renan, Mercadante disse que havia descontentamento de "setores
do PMDB" com o "inchaço" artificial da bancada. Os "setores do
PMDB" insatisfeitos com a prática têm nome: Sarney. A cada movimento os petistas deixam cada
vez mais evidente que preferem o
ex-presidente na presidência do
Senado. Ontem, Mercadante fez
questão de conversar tanto com
Renan como com Sarney.
No PMDB, a conversa realizada
ontem pelos presidentes José Genoino (PT-SP) e Michel Temer
(PMDB-SP) foi interpretada como uma espécie de reabertura geral da negociação. Ou seja, tudo o
que foi dito até agora pode virar
pó em fevereiro.
A mudança no comportamento
do PT deve-se ao fato de que a sigla passou a acreditar que pode
eleger João Paulo na Câmara independentemente do apoio do
PMDB. Desde então, endureceu o
jogo. O PMDB, por exemplo, pediu uma carta assinada por dirigentes petistas tornando claros os
termos do acordo.O PT negou.
Ontem os deputados Nelson Pellegrino (BA) e João Paulo disseram que o PMDB poderá indicar
nomes para o segundo e o terceiro
escalão do governo, desde que se
comprometa a apoiar Lula nas
votações no Congresso. Pellegrino, João Paulo, Mercadante e Genoino se reuniram ontem pela
manhã no Planalto por cerca de
duas horas com o ministro-chefe
da Casa Civil, José Dirceu.
Os petistas avaliam que poderão
até prescindir do apoio do PMDB
para fazer valer a indicação de
João Paulo para a Câmara. Mesmo assim, reafirmaram a intenção de um acordo com o PMDB para o comando do Senado.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|