São Paulo, sábado, 9 de janeiro de 1999

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PAINEL

Movimento anti-ACM
As lideranças do "PFL do Sul" tentarão atrair parlamentares de outros partidos. Querem ampliar sua fatia em contraposição ao "PFL do Nordeste". Na atual legislatura, o primeiro representa cerca de 20% da bancada. Na próxima, terá quase 40%.
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Pressão malufista
A direção do PPB paulista está cobrando do prefeito Celso Pitta uma atuação mais partidária. Com a derrota de Maluf, quer que o prefeito paulistano se mexa para segurar na legenda deputados federais que já estão de malas prontas para outras siglas.
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Fisiologia e holofote
O troca-troca partidário no começo da próxima legislatura ajuda as legendas a reivindicar mais espaço no segundo escalão de FHC e a ter mais poder na repartição de comissões importantes e de relatorias de projetos que terão destaque na mídia em 99.
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Morte inflacionada
Causou surpresa aos policiais que lidam com casos de pistolagem o preço (R$ 200 mil) que seria cobrado pela morte de Augusto Farias (PFL-AL). Pela tabela revelada por pistoleiros alagoanos, a cabeça de um deputado estadual custa R$ 50 mil e a de um federal, caso do irmão de PC, não passa de R$ 100 mil.
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Jogatina on line
Cassinos do Caribe, que permitem apostas via Internet com pagamento com cartão de crédito, preocupam a Receita Federal. A Procuradoria da República, no Rio, tem investigações sobre o assunto em andamento. Suspeita que haja crimes de sonegação fiscal e de evasão de divisas.
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Virou piada
Geddel Vieira Lima (PMDB) apelidou de CAP (Conselho de Articulação Política) o grupo de seis ministros que se reuniu anteontem para tratar de votações no Congresso. Sugere que tenha presidência rotativa e estatuto. "É muito ministro. Vai faltar assunto para tanto articulador."

Samba da Previdência
Embora diga o contrário, o governo não deve tentar votar a cobrança de contribuição dos inativos da União antes de março. Em janeiro já não dá mais. E, em fevereiro, segundo avaliação mais realista do Planalto, os novos parlamentares estarão ocupados com a posse e o Carnaval.
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Fogueira das vaidades
Está sendo articulado um encontro de FHC com Itamar Franco. Para já. É a única saída rápida que os bombeiros da crise vêem para o impasse provocado pela moratória mineira. Mas está difícil superar as vaidades. Dos dois.
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Tocha na mão
O mínimo que FHC tem dito sobre a moratória de Minas Gerais é que foi "uma irresponsabilidade". Mas a ira palaciana é maior contra José Aparecido de Oliveira e o secretário da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, que teriam insuflado o governador.
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É só o começo
Presidente da Federação das Indústrias de Minas, Stefan Salej sentiu ontem na pele os efeitos da moratória de Itamar Franco. Em encontro com empresários em Barcelona, foi confrontado com a notícia da pendura e ouviu que os investimentos que buscava na região terão de esperar.
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Chumbo grosso
Reação de um político mineiro ao ser informado de uma ameaça de bomba, ontem, no prédio do Ministério da Fazenda: "Uai, nós não sabíamos que o arsenal do ministro Malan contra os governadores era tão grande".
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Discussão virtual
Dornelles (Trabalho) vem a São Paulo na segunda. Para reuniões com a Força Sindical e a Social Democracia Sindical, ligada aos tucanos. A pauta das conversas é emprego, mas nada sobre as demissões na Ford.
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Ato falho
Nem FHC ainda se acostumou com a nova feição de seu ministério. Na reunião de ontem, disse que falariam primeiro os ministros da Fazenda e do Planejamento, que não existe mais. Paulo Paiva (Orçamento e Gestão) falou logo depois de Malan.

TIROTEIO

Do deputado federal Padre Roque (PT-PR), sobre a queda de braço entre o que considera os "paulistas" do governo federal e os governadores Itamar Franco (PMDB-MG) e Olívio Dutra (PT-RS) por causa das dívidas estaduais com a União:
- É bom não esquecer que da última vez que os paulistas enfrentaram estes dois Estados, o presidente Washington Luís foi deposto por gaúchos e mineiros.


CONTRAPONTO

Freud explica
Os políticos mineiros não têm dúvidas de que, mais cedo do que se pensa, Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco chegam a um entendimento sobre a dívida de Minas, cujo pagamento o governador suspendeu.
Para justificar tanto otimismo, contam uma história que teria ocorrido com Tancredo Neves na época em que ele era primeiro-ministro do gabinete formado por João Goulart, na curta experiência parlamentarista ocorrida após a renúncia de Jânio Quadros em 61.
Certo dia, o deputado Crisanto Moniz procurou Tancredo e se queixou:
- Eu estudei com o senhor. Sou seu admirador. Fui vereador e deputado para seguir seus passos. Mas o senhor dá tudo só para o Ernani Maia. Por que o senhor dá tudo para o Ernani?
Político matreiro, Tancredo pensou um pouco, antes de responder, com convicção:
- Porque o Ernani é louco. E louco tem que ser bem tratado!

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