São Paulo, sábado, 9 de janeiro de 1999

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MULTIMÍDIA
Agência chama Itamar de "velho rancoroso'
Jornais destacam moratória mineira

Buenos Aires e da Redação

A moratória de Minas Gerais foi assunto em jornais de vários países do mundo ontem.
Nos Estados Unidos, o "Wall Street Journal", o mais influente do país no meio financeiro, destacou o assunto na capa de seu caderno internacional.
Segundo o jornal, a decisão do governador Itamar Franco derrubou a Bolsa brasileira e espalhou dúvidas sobre se o Brasil seria capaz de honrar suas dívidas.
"A decisão do governo de Minas Gerais pode levar outros Estados a seguirem o mesmo caminho", diz o texto, citando o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
Para o "WSJ", a decisão de Itamar é "mais política do que econômica". O diário diz que o fato não deve afetar o pacote de ajuste fiscal brasileiro.
O problema mineiro ganhou também as páginas do "New York Times", o jornal de maior prestígio nos EUA.
O "NYT" diz que a decisão de Itamar foi "surpreendente" e descreveu da seguinte forma o programa de estabilidade fiscal: "Dois passos para a frente, um passo para trás". O jornal fez uma ligação entre os problemas internos no Brasil e as quedas do dólar e da Bolsa de Nova York, ocorridas anteontem.
˛ CNN
O site da rede de TV CNN na Internet trouxe reportagem da agência de notícias "Associated Press" que chama Itamar Franco de "velho rancoroso".
Intitulado "O velho rancoroso abastece a luta econômica no Brasil", o texto afirma que a moratória decretada por Itamar pode descarrilhar a tentativa de manter a economia nos trilhos.
O site informa, ainda, que o acordo fechado por FHC com o FMI pode ser prejudicado pela atitude de Itamar.
˛ Inglaterra
A queda na Bolsa brasileira e na cotação dos títulos do governo frustou um bom início de ano para os mercados internacionais, disse o jornal britânico "Financial Times", em editorial da edição de ontem.
Para o jornal, o presidente Fernando Henrique Cardoso não pode ceder à atitude de Itamar.
"Seria adiar ainda mais a conclusão das reformas fiscais, das quais depende o pacote de ajuda de US$ 41,5 bilhões, acertado com o FMI."
Fernando Henrique tem condições de recuperar o prejuízo, diz o jornal, se não repassar recursos federais para Minas.
Mas o pior, continua o diário econômico, é que a moratória foi decretada por um político do PMDB, um dos cinco partidos que compõem a aliança governista. "Poderá haver um racha na base política de apoio ao presidente no Congresso."
Outros dois jornais britânicos, o "The Guardian" e o "The Independent", noticiaram o fraco desempenho das Bolsas no mundo todo e a baixa do dólar norte-americano, atribuindo o fato à "potencial crise dos mercados emergentes provocada pela moratória de Minas Gerais".
˛ Argentina
Na noite de quinta-feira o noticiário da TV a cabo "Todo Noticias" anunciava a queda geral nas Bolsas, provocada pela moratória mineira, e previa que o assunto -apelidado de efeito "pão-de-queijo"- ocuparia a imprensa nos próximos dias.
Ontem o tema recebeu destaque na capa do jornal "El Cronista", que falava em um possível "conclave de governadores da oposição", liderado por Itamar.
O caderno de economia do "La Nación" falou de "efeito dominó", salientando que a "forte queda do índice Bovespa fez a Bolsa local retroceder 1,17%".
O "Clarín" publicou uma reportagem sobre o impacto da moratória sobre a Bolsa de São Paulo e na fuga de dólares.
Mais contundente, o "Página 12" trouxe um título que dizia: "Brasil cambaleia depois da moratória da dívida de Minas Gerais - A rebelião dos governadores".
˛ França
O assunto mereceu pouco destaque no principal jornal de economia da França, o "Les Echos". Em reportagem intitulada "Braço-de-ferro financeiro entre os Estados e o governo central", o diário destaca que a moratória de Minas "complica singularmente o orçamento do presidente Fernando Henrique Cardoso, que assumiu seu segundo mandato".
Diz ainda que FHC "excluiu qualquer renegociação das dívidas" dos Estados.



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