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CRIME EM ALAGOAS
PF diz ter como provar a participação de três assessores do deputado no assassinato de Ceci Cunha
Polícia acusa Talvane de ser o mandante
DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
A polícia acusou ontem o deputado Talvane Albuquerque (PFL-AL) de ser o mandante da morte da
deputada Ceci Cunha (PSDB-AL),
assassinada no dia 16 de dezembro
do ano passado.
A polícia também acusa três assessores de Albuquerque de participação no crime. "Talvane foi o
autor intelectual", afirmou o delegado da Polícia Civil de Alagoas,
Arnaldo Carvalho, presidente do
inquérito que apura o assassinato
da deputada.
"Teremos condições de provar
quais pessoas participaram efetivamente do caso lá naquele momento, e o deputado Talvane como autor intelectual. Isso está
tranquilamente comprovado nos
autos", afirmou o diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti.
As Polícias Civil e Federal estão
trabalhando em conjunto nas investigações. "Para a polícia de Alagoas, o caso está praticamente
concluído. Falta a prisão dos assessores (de Albuquerque) e pequenos detalhes", disse Carvalho.
Segundo o delegado, Albuquerque será indiciado como autor intelectual da morte da deputada.
Os assessores de Albuquerque
com prisão preventiva decretada
são Jadielson Barbosa da Silva e
Alécio César Alves Vaz, funcionários da Câmara, e José Bezerra da
Silva Jr., coordenador de campanha do deputado.
"No mínimo, eles estiveram no
local no momento do crime. Foram reconhecidos pelas testemunhas", disse Chelotti.
A base para a conclusão da polícia de que Albuquerque foi o mandante do crime foram as denúncias
feitas pelo deputado Augusto Farias (PFL-AL), considerado um
parlamentar com credibilidade pela própria polícia, e o depoimento
do pistoleiro Maurício Novaes, o
"Chapéu de Couro", confirmando
a versão de Farias.
Farias apresentou fitas com gravações de conversas telefônicas
entre o pistoleiro e Albuquerque e
entre o pistoleiro e assessores do
deputado, nas quais estaria sendo
feito o acerto para matá-lo.
Para a polícia, Albuquerque
mandou matar a deputada Ceci
Cunha porque foi frustrada a tentativa de matar Farias.
"Ele estava louco para assumir o
poder, certo? Está claro. Diante de
uma situação dessa, como ele não
conseguiu pegar o Augusto, pegou
quem foi mais fácil. Podia ser qualquer um. No depoimento, ele
("Chapéu de Couro') diz que qualquer um dançaria, era para morrer", afirmou Carvalho.
Com a morte do deputado ou da
deputada, primeiro suplente e sem
mandato, Albuquerque assumiria
uma vaga na Câmara. "Ele queria a
imunidade. A imunidade é o poder
para o deputado", disse Carvalho.
Albuquerque vai responder processo de perda de mandato por falta de decoro parlamentar.
O corregedor da Câmara, Severino Cavalcanti (PPB-PE), presidente da comissão de sindicância que
apura o envolvimento de Albuquerque na morte de Ceci, vai pedir a acareação entre "Chapéu de
Couro" e Albuquerque.
Caso o pistoleiro confirme que
houve acerto para matar um deputado, o pedido de cassação será
imediato, segundo Cavalcanti.
"Não há escapatória. O seu mandato tem de ser cassado, porque
não podemos ter aqui na Casa ninguém que possa comprometer o
bom nome do Parlamento", afirmou Cavalcanti.
O bom trânsito de "Chapéu de
Couro" com a polícia e com parlamentares irritou o corregedor da
Câmara. "É lamentável que, após
60 anos do fim do cangaço, tenhamos de assistir à reencarnação de
Lampião, na figura de "Chapéu de
Couro', em uma convivência promíscua com políticos e com a polícia."
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