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Brasil e EUA vão reformular acordo sobre extradição
Norma em vigor prevê a extradição por 32 tipos de crimes, mas não contempla a lavagem de dinheiro e o terrorismo
Sinal mais recente e claro da necessidade de atualizar os termos surgiu após a prisão dos líderes da Renascer, Sônia e Estevam Hernandes
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Brasil e EUA vão reformular
o acordo bilateral que mantêm
para pedidos de extradição. A
decisão de mudar os termos do
documento, firmado em 1961 e
considerado obsoleto, foi tomada ontem, em Brasília, durante reunião entre o ministro
da Justiça do Brasil, Márcio
Thomaz Bastos, e seu equivalente americano, o secretário
da Justiça, Alberto Gonzáles.
O acordo em vigor prevê a
possibilidade de extradição dos
EUA para o Brasil e vice-versa
de pessoas que praticarem 32
tipos de crimes, entre os quais
homicídio doloso, seqüestro,
pirataria e até bigamia. Mas
não contempla crimes que se
intensificaram a partir dos
anos 90, como lavagem de dinheiro e terrorismo. Essas duas
práticas criminosas devem ser
incluídas na reformulação.
O sinal mais recente da necessidade de atualizar os termos surgiu após a prisão dos
fundadores da igreja Renascer,
Sônia e Estevam Hernandes.
O Brasil pedirá à Justiça dos
EUA a extradição do apóstolo e
da bispa, mas usará como fundamento legal situações previstas na Convenção de Palermo,
cujo alvo é o combate ao crime
organizado. Segundo a diretora
do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça,
Izaura Soares Miranda, é provável que ainda no primeiro semestre sejam firmados os termos do novo acordo.
Ontem, os ministros da Justiça falaram sobre combate à lavagem de dinheiro, pirataria,
terrorismo e outros crimes.
Eles decidiram que os titulares da Justiça dos dois países
vão se reunir, a cada seis meses,
para avaliar o desenvolvimento
das ações, em sedes alternadas
entre Washington e Brasília.
As práticas brasileiras de repressão aos crimes cibernéticos foram elogiadas por Gonzáles. Mas, ao falar sobre as ações
do Brasil no combate a eventuais ações de financiamento
ao terrorismo na tríplice fronteira, ele foi mais reticente.
Questionado se achava eficientes as ações na região, Gonzáles disse que "parece que há
mais que possa ser feito". "Não
cabe a mim criticar esforços e
iniciativas. Sabemos que há
pontos que permanecem como
pontos de preocupação", disse.
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