|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IBGE gastou em cartões 46% do total do governo federal
Órgão diz que contagem da população e censo agropecuário provocaram despesas
Diretor-executivo do IBGE, Sérgio Côrtes afirma que o sistema de prestação de contas dos cartões está aberto a qualquer cidadão
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Campeão de gastos em cartões corporativos em 2007, o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) responde por quase a metade
(45,6%) dos R$ 75,6 milhões
gastos dessa maneira por todo
o governo federal e por 99,8%
das despesas do Ministério do
Planejamento. A maior parte é
sacada em dinheiro.
O IBGE conta com 1.703 cartões ativos, 14,7% dos 11.510 em
toda a administração federal,
mas gastou 45,6%.
O órgão afirmou à Folha que
o montante elevado no ano
passado se deve à contagem da
população do ano passado e ao
censo agropecuário. Segundo o
IBGE, os cartões são usados
para o deslocamento de pessoal pelo interior do país, onde
é necessário portar dinheiro.
Na pesquisa de população,
cerca de 80 mil recenseadores
visitaram mais de 5.400 municípios com menos de 170 mil
habitantes, de abril a agosto; na
agropecuária, 5,7 milhões de
propriedades agrícolas foram
visitadas. O diretor-executivo
do IBGE, Sérgio Côrtes, afirmou que o sistema de prestação de contas está aberto a
qualquer cidadão e ofereceu
acesso à Folha.
São Paulo é o Estado que
mais consome recursos por essa modalidade de despesa:
R$ 3,872 milhões. Os Estados
do Amazonas, com gastos em
cartões corporativos de R$ 2,51
milhões, e do Pará, com R$
2,25 milhões vêm em seguida.
Os quatro funcionários que
mais usaram o cartão em São
Paulo, somando R$ 294 mil, sacaram em dinheiro mais de
90% de suas despesas.
Um funcionário do escritório
paulista do IBGE consumiu
R$ 98,2 mil em 2007. Só
R$ 1.293 não foram em saques
com o cartão. A maior parte
dos saques foi no valor de
R$1.000.
No Rio, na Administração
Central do órgão, a funcionária
Teresa Millions usou R$ 6.772
em 2007, sendo R$ 3.200 na loja Queijos e Vinhos Ipanema
Ltda., em 12 de abril e 17 de
maio, além de R$ 300 na padaria Montes Claros e R$ 1.517,38
na Grande Rio Papelaria. De
acordo com a assessoria de comunicação, Teresa Millions é a
responsável por gastos na seção e por coquetéis para a divulgação de pesquisas.
Em 12 de abril, o IBGE apresentou pesquisa industrial
mensal de emprego e salário;
em 17 de maio foi apresentada
pesquisa anual do comércio.
José Haroldo da Rocha Teixeira, um dos "prefeitos" de sedes do IBGE no Rio, consumiu
R$ 20.575, a maior parte em
material de construção. De
acordo com o IBGE, ele é responsável pela manutenção de
uma extensa sede do órgão em
Parada de Lucas, subúrbio do
Rio, daí os gastos em lojas como "Luminosa Luzes e Jardins", "Casa do Acrílico", "Lucas Máquinas e Ferramentas" e
"Direção Certa Material de
Construção".
É o mesmo caso de Eduardo
Novais, "prefeito" da sede da
Rua General Canabarro, na
Grande Tijuca (zona norte),
que gastou R$ R$18.849. Ele
sacou R$ 14.750 em dinheiro, e
aplicou o restante em lojas de
ferramentas, lustres e alumínio.
Texto Anterior: PT quer CPI para apurar gasto do governo de SP Próximo Texto: Outro lado: Órgão alega ter de percorrer todas as regiões Índice
|