São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2004

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Sereno nega ligação com ex-assessor

ELVIRA LOBATO
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Apontado como o próximo alvo de denúncias do governo Lula, o assessor especial da Casa Civil Marcelo Sereno partiu para a ofensiva. Em entrevista à Folha, ele negou envolvimento no caso Waldomiro Diniz e disse que o ex-secretário Nacional de Segurança Luiz Eduardo Soares mentiu quando declarou que o havia informado sobre as suspeitas de corrupção contra o ex-presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).
Soares disse que em 2002, antes de Benedita da Silva (PT) tomar posse como governadora do Rio, informou a Sereno e a outros dois dirigentes do partido que Waldomiro estaria recebendo R$ 300 mil por mês de empresários de bingo.
"Essa reunião nunca existiu", sustentou Sereno. Segundo ele, Soares fez a declaração por ressentimento, mas terá de explicá-la quando for chamado para depor na CPI da Assembléia Legislativa do Rio que investiga as suspeitas de irregularidades na Loterj e no Rioprevidência (fundo de pensão dos servidores estaduais). Soares já aceitou a convocação para depor na CPI no dia 30.
Sereno afirmou que nunca teve relacionamento pessoal com Waldomiro e que continuará no cargo na Casa Civil. Antes da crise, era dado como certo que ele deixaria o cargo em março para coordenar a campanha do deputado federal Jorge Bittar (PT) à Prefeitura do Rio.
Waldomiro foi presidente da Loterj por 14 meses no governo de Anthony Garotinho e nos nove meses do governo de Benedita da Silva (de abril a dezembro de 2002). Sereno foi secretário-executivo da ex-governadora, tendo sido responsável pelo acompanhamento dos principais contratos de obras e de convênios com prefeituras e organismos internacionais. Ele disse que sua atuação era política e que não influenciava na liberação de pagamentos.
Apesar da convivência no governo estadual, Sereno disse que só conheceu Waldomiro no final de 2002, em Brasília, quando ambos fizeram parte da equipe de transição para o governo Lula.
Ele também negou ter tido conhecimento das irregularidades no Rioprevidência durante o governo de Benedita da Silva. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, em relatório divulgado na semana passada, o fundo de pensão dos funcionários públicos sofreu prejuízo de R$ 31 milhões em operações de compra e venda de títulos públicos. Sereno disse que já havia deixado a equipe de governo de Benedita quando aconteceu a maior parte das transações citadas pelo TCE.
O PT contratou um escritório de assessoria de imprensa, no Rio, para tentar preservar Sereno.


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