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FORÇAS ARMADAS
Albuquerque afirma ter citado cargo e compromisso para embarcar e que ele e a mulher foram prejudicados
"Foi a viagem mais longa que já fiz", diz general
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Foi a viagem mais longa que já
fiz", disse o comandante do Exército, general Francisco Roberto de
Albuquerque, ao comentar o
"constrangimento" que passou
no vôo Campinas-Brasília, quando conseguiu embarcar depois de
uma ordem do DAC (Departamento de Aviação Civil).
De Santiago (Chile), onde participa de um encontro de comandantes militares do Cone Sul, o
general falou ontem com a Folha.
Folha - O sr. chegou ao aeroporto
15 minutos antes do vôo?
General Francisco Albuquerque -
Confirmei esse vôo 12 dias antes,
portanto o meu lugar estava reservado. E o que aconteceu? Havia passageiros em excesso, o tal
de "overbooking". E a empresa
tem de preservar o direito do cidadão, pois eu havia confirmado.
Folha - Mas e em relação ao horário de chegada ao aeroporto?
General Albuquerque -Um auxiliar meu, uma hora e 15 minutos
antes, estava no aeroporto para
fazer o "check in". A fila era grande e ele chegou ao balcão 55 minutos antes do vôo. A minha bagagem foi etiquetada e seguiria
para o avião. Foi quando um funcionário da companhia devolveu
[a bagagem], disse que eu não poderia embarcar e que eu deveria
tentar outra companhia. Porém, o
vôo também estava lotado. Aí falaram que eu iria embarcar no dia
seguinte. Eu não poderia, pois tinha um compromisso inadiável.
Folha - E qual era esse compromisso inadiável na tarde de Quarta-Feira de Cinzas?
General Albuquerque - Era no
Quartel General. Eu tinha de despachar um assunto importantíssimo com um dos oficiais do Alto
Comando do Exército.
Folha - Quando foi reclamar no
balcão do DAC, o sr. se identificou
como comandante do Exército?
General Albuquerque - Eu disse:
"Olha, eu sou comandante do
Exército e tenho um compromisso em Brasília". Isso para caracterizar que eles tinham de dar uma
solução. Eu não sabia que a companhia iria oferecer dinheiro para
dois passageiros saírem do vôo
como também não sabia que a aeronave já tinha seguido o destino.
Folha - No caso do DAC, a pessoa
que o atendeu não se sentiu intimidada quando ouviu que o sr. é o comandante do Exército?
General Albuquerque -Eu não tive a idéia de intimidar ninguém.
Foi com a idéia de mostrar que,
em razão da função que eu tenho,
o compromisso era importante.
Folha - A imagem do Exército pode sair arranhada desse episódio.
General Albuquerque -Mas não
foi culpa minha. O cidadão Albuquerque é que foi prejudicado.
Agora, o próprio andar da carruagem trouxe um desgaste desagradável. Pois eu também fiquei
constrangido ao entrar no avião
nessas condições.
Folha - Passageiros dizem que o
sr. foi vaiado.
General Albuquerque -Na entrada, eu e minha mulher sentimos
uma manifestação. Eu disse o que
aconteceu e muitos passageiros
bateram palmas para mim, que a
culpa era da companhia.
Folha - O sr. aceitaria o convite de
explicar o caso na Câmara?
General Albuquerque -Explico a
quem for necessário. Eu não tenho dúvida do meu comportamento. Mas qual o motivo de levar isso adiante, se eu já estou explicando? Tem ficado uma idéia
de que o meu comportamento é
um comportamento autoritário,
o que me deixa triste. Sou avesso a
isso. E os grandes prejudicados
fomos eu e a minha mulher. Foi a
viagem mais longa que eu já fiz.
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