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ESCÂNDALO EM GOIÁS
Provas incriminam partido de Iris Rezende
Campanha eleitoral do PMDB teria fraudado pagamentos
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Depoimentos à Justiça Federal
de Goiás e a quebra de sigilo bancário de várias empresas comprovam que um empréstimo R$ 3,36
milhões feito pelo BEG (Banco do
Estado de Goiás) à Astro Gráfica,
em 1994, foi usado para pagar dívidas da campanha eleitoral do
PMDB. A maior parte do empréstimo foi quitada por empreiteiras.
A Astro Gráfica elaborou material da campanha do partido, que
em 94 elegeu Iris Rezende e Mauro Miranda para o Senado e Maguito Vilela para o governo.
Doze pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público, entre
elas o irmão e suplente de Iris,
Otoniel Carneiro, que era coordenador-geral da campanha.
Carneiro também é o principal
acusado no desvio de R$ 5 milhões da Caixego (Caixa Econômica de Goiás). O Ministério Público Estadual diz que esse dinheiro foi usado na campanha eleitoral do PMDB em 1998. Os R$ 5
milhões foram devolvidos à Justiça na semana passada.
Provas colhidas pelo Ministério
Público Federal e pela Polícia Federal mostram que o empréstimo
feito à Astro Gráfica foi quitado
graças a uma operação que envolveu nove empreiteiras e mais dois
empréstimos feitos no BEG.
Esses dois empréstimos foram
feitos pelo BEG à TV Serra Dourada (R$ 2,7 milhões) e à construtora Egesa (R$ 4,2 milhões) em 95,
segundo a denúncia. Essas empresas atuaram como "laranjas",
emprestando seus nomes para a
contração de empréstimos.
Parte desses empréstimos foi
quitada quase quatro anos mais
tarde graças a descontos irregulares dados pelo banco sobre o valor corrigido da dívida, num total
de R$ 19 milhões, segundo afirma
o Ministério Público.
O empréstimo da Serra Dourada foi liquidado com depósitos
feitos por oito empreiteiras. Essas
empresas receberam recursos do
Dergo (Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás), a título de correção monetária, e repassaram 50% do valor para quitar o
empréstimo.
O empréstimo da Egesa foi quitado com recursos recebidos diretamente do Dergo, a titulo de correção monetária. A empresa fez a
duplicação da BR-060 no trecho
Goiânia-Anápolis.
A denúncia do Ministério Público diz que o dinheiro repassado pelo Dergo teve origem no
processo de privatização da Usina
da Cachoeira Dourada.
Os 12 denunciados são acusados de associação criminosa e de
praticar crimes contra o sistema
financeiro, como gestão fraudulenta e temerária, deferimento de
empréstimos vedados e obtenção
de empréstimo mediante fraude.
As oito empreiteiras que fizeram depósitos para a Serra Dourada ainda não foram denunciadas. Estão sendo investigadas em
inquérito complementar da Polícia Federal.
Em depoimento recente à PF, os
donos das empreiteiras disseram
que repassaram 50% dos recursos
que receberam do Dergo ao
PMDB a título de empréstimo.
A quebra de sigilo bancário revelou que o empréstimo da TV
Serra Dourada foi quitado com
depósitos em dinheiro. Mas um
rastreamento feito pelo Banco
Central comprovou que as empreiteiras usaram cheques administrativos do próprio BEG, que
foram depositados como se fossem dinheiro vivo.
Já os cheques administrativos
foram emitidos a partir de ordens
de pagamento feitas pelo Dergo,
com recursos provenientes da
privatização de Cachoeira Dourada, segundo o Ministério Público.
O sócio da Egesa que fez o empréstimo no BEG, Elmo Ribeiro,
negou que tenha repassado dinheiro à Astro Gráfica. Disse que
ficou com o cheque de R$ 1,95 milhão como empréstimo pessoal.
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