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INVESTIGAÇÃO
Jorge La Salvia, argentino que foi procurador de PC Farias, reaparece nos casos da Cehab do Rio e do grampo no BNDES
Collorido ressurge em duas novas crises
MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio
ANTONIO CARLOS DE FARIA
da Sucursal do Rio
O argentino Jorge La Salvia é o
ponto comum de três grandes crises recentes na política brasileira.
Ele foi o procurador de Paulo
César Farias, o PC, durante todo o
governo Collor. É o estopim das
investigações na Cehab/RJ, do governo Anthony Garotinho, pela
amizade com outro collorido,
Eduardo Cunha. E aparece agora
nas investigações que apuram a
autoria dos grampos no BNDES.
A Folha apurou que foram detectadas várias ligações telefônicas entre Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, indiciado como um dos autores do
grampo, e Jorge La Salvia.
O grampo realizado em julho de
1998, nos dias que precederam o
leilão de privatização da Telebrás,
registrou conversas entre integrantes do governo federal que
estariam privilegiando um dos
grupos participantes do processo.
O jornal procurou La Salvia ao
longo da semana e deixou recados
nos seus telefones, mas não houve
resposta.
A presença constante de La Salvia na Cehab (Companhia Estadual de Habitação) a partir de setembro de 99 provocou a abertura
de duas sindicâncias no governo
Garotinho, ainda sem conclusão
divulgada. Ele era suspeito de
lobby junto ao presidente da Cehab, Eduardo Cunha. A companhia informou, no entanto, que
La Salvia representava a empresa
Caci (Central de Administração
de Créditos Imobiliários Ltda.),
que já tinha ganho duas licitações
para serviços de informática.
Cunha chegou a afirmar que
não via La Salvia há muito tempo,
mas um diretor da Caci revelou
para a Folha que tinha sido apresentado ao argentino no gabinete
do presidente da Cehab.
La Salvia e Cunha participaram
do governo Collor. La Salvia foi
procurador de PC. Cunha foi secretário da Executiva do PRN, durante a campanha eleitoral de 89.
Em fevereiro de 91, assumiu a presidência da Telerj.
Em 96, La Salvia, Cunha, Daniel
Tourinho (ex-presidente do
PRN) e outras 39 pessoas foram
autuados num dos processos que
investiga o esquema PC. Cunha
obteve naquele ano um habeas
corpus no Tribunal Regional Federal que trancou a ação contra
ele. La Salvia responde a três outros processos originados no período Collor, por sonegação.
Cunha chegou ao governo de
Garotinho por indicação do deputado federal Francisco Silva
(PST). Como o governador, Cunha e Silva são evangélicos.
Eles têm um outro fator em comum: o advogado Carlos Kenigsberg. Foi Kenigsberg quem representou, em janeiro, Silva no leilão
em que o deputado arrematou a
casa onde Cunha mora, na Gávea
(zona sul).
O deputado disse que fez isso
para que seu amigo Cunha pudesse ficar na casa que alugava. O negócio é contestado na Justiça e
Cunha ainda paga o aluguel de R$
6.500. Kenigsberg é também advogado de Telmo.
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