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Governo tenta impedir atos contra FHC
da Sucursal de Brasília
Os governos federal e da Bahia
estão se preparando para impedir
que a marcha e a conferência indígena se transformem num ato
contra o presidente Fernando
Henrique Cardoso e sua política
social e econômica.
Na última quinta, foi decidido
que a segurança dos eventos, especialmente durante o período
em que FHC estiver presente, ficará a cargo do Ministério da Defesa. As Forças Armadas ocuparão os sítios e praias históricos de
Porto Seguro, e os manifestantes
terão de enfrentar fuzis e possivelmente tanques nas ruas se partirem para um confronto.
O governador César Borges
(PFL) afirmou à Folha que não irá
proibir a presença dos índios e
dos demais integrantes da marcha em Porto Seguro, como foi
propagado entre os índios -51
deles, do Acre, obtiveram até salvo-condutos da Justiça permitindo a entrada na Bahia.
Mas Borges disse que "não vai
permitir que toda a programação
seja conturbada" por grupos que
queiram utilizar-se do movimento "para criar caso" -o que seria,
para ele, afronta às autoridades.
O primeiro sinal de que haverá
dificuldades nesse setor foi dado
semana passada, quando cerca de
200 PMs cercaram e destruíram,
durante a noite de terça-feira, o
monumento que os índios pretendiam construir na praia Coroa
Vermelha -onde foi realizada a
primeira missa- denunciando o
que classificam de "genocídio da
raça". A ordem foi de Borges.
"Depois de todo um trabalho de
desobstrução e de recuperação
paisagística, sem pedir licença a
qualquer autoridade chegou um
caminhão para jogar cimento na
área, que é de proteção ambiental.
Não aceitamos e não permitiremos", afirmou Borges à Folha.
O governador reconheceu que
sua atitude contrariou parte dos
índios, mas disse que o episódio
está superado. "Foi uma confusão
artificial. Agora vamos construir
um monumento para eles, projetado por nossos arquitetos, mais
perto da residência deles", disse.
O cacique Ailton Pataxó é um
dos descontentes. "Não fomos
chamados para participar da comissão da festa, mas aceitamos
tudo. Mas gostaríamos que ele
(Borges) pudesse respeitar nossos
sentimentos e sofrimentos."
(WF)
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