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CRISE NA POLÍCIA
Suspeito de corrupção, Oliboni se demite
Cai o secretário
de Justiça do Rio
free-lance para a Folha
e da Sucursal do Rio
A crise e as denúncias de corrupção no governo do Rio provocaram ontem a queda do secretário de Justiça, Antônio Oliboni,
acusado de ter favorecido, no fornecimento de "quentinhas" para
os presídios, a empresa Brasal, da
qual já foi advogado.
Segundo nota oficial divulgada no início da noite pelo Palácio Guanabara, Oliboni colocou
o cargo à disposição, e o governador Anthony Garotinho (PDT)
aceitou.
A Folha publicou ontem reportagem mostrando que o governo
do Rio paga, pelas refeições servidas em presídios, em média, cerca de 50% a mais que o governo
de São Paulo e, em alguns casos,
até 100% a mais que o governo de
Minas Gerais.
De acordo com a assessoria de
Garotinho, Oliboni enviou uma
carta ao governador entregando
o cargo e dizendo que queria deixar Garotinho à vontade para
apurar o que considera serem
"calúnias" contra sua pessoa.
Na mesma carta, Oliboni afirma que todo o seu relacionamento com a empresa é anterior à sua
entrada no Estado.
O contrato da Brasal com a Secretaria de Justiça vinha da administração anterior, de Marcello
Alencar (PSDB), e terminou em
31 de janeiro de 99. Oliboni prorrogou o contrato sem licitação.
Matéria publicada ontem pelo
jornal "O Globo" informava que
Oliboni chegou a advogar para a
Brasal em ações de cobranças administrativas de créditos contra o
Estado do Rio, ganhando para isso 3% dos valores que a empresa
viesse a receber.
Após aceitar a demissão, Garotinho disse, por intermédio de
sua assessoria, que enviaria ao
Ministério Público toda a documentação do caso, para que as
denúncias contra Oliboni sejam
apuradas.
Na semana passada, o governador chegou a sair em defesa do
então secretário, afirmando que a
prorrogação de contratos havia
sido feita a preços inferiores aos
de mercado.
O procurador-geral de Justiça,
José Muiños Piñeiro Filho, disse
que tudo será investigado e que,
se denúncias se comprovarem, o
caso será encaminhado ao Poder
Judiciário.
Na Assembléia Legislativa, já
começam as articulações para a
instalação de uma CPI para investigar as denúncias.
O deputado Hélio Luz (PT) disse que vai pedir na terça-feira a
abertura da CPI. Luz afirmou ter
informações de que Oliboni teria
favorecido a Brasal em 94, quando era diretor de Administração
da Secretaria de Justiça do Rio.
Antônio Oliboni foi procurado
ontem pela Folha e não foi encontrado. O governador passou o
dia em Porto Alegre e chegaria ao
Rio ontem à noite.
Inferno astral
Garotinho vive a pior crise de
seus 15 meses de governo, com
acusações e denúncias contra vários auxiliares diretos, como Oliboni, o presidente da Cehab
(Companhia Estadual de Habitação), Eduardo Cunha, e o secretário de Administração, Hugo Leal.
Cunha é acusado de favorecer a
empreiteira Grande Piso na construção de 10 mil casas populares.
Leal é acusado de ter ligações com
o escritório Oliboni Advogados e
Consultores, que defendeu empresas em ações contra o Estado.
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