São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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CRISE NA POLÍCIA
Suspeito de corrupção, Oliboni se demite
Cai o secretário de Justiça do Rio

free-lance para a Folha

e da Sucursal do Rio

A crise e as denúncias de corrupção no governo do Rio provocaram ontem a queda do secretário de Justiça, Antônio Oliboni, acusado de ter favorecido, no fornecimento de "quentinhas" para os presídios, a empresa Brasal, da qual já foi advogado.
Segundo nota oficial divulgada no início da noite pelo Palácio Guanabara, Oliboni colocou o cargo à disposição, e o governador Anthony Garotinho (PDT) aceitou.
A Folha publicou ontem reportagem mostrando que o governo do Rio paga, pelas refeições servidas em presídios, em média, cerca de 50% a mais que o governo de São Paulo e, em alguns casos, até 100% a mais que o governo de Minas Gerais.
De acordo com a assessoria de Garotinho, Oliboni enviou uma carta ao governador entregando o cargo e dizendo que queria deixar Garotinho à vontade para apurar o que considera serem "calúnias" contra sua pessoa.
Na mesma carta, Oliboni afirma que todo o seu relacionamento com a empresa é anterior à sua entrada no Estado.
O contrato da Brasal com a Secretaria de Justiça vinha da administração anterior, de Marcello Alencar (PSDB), e terminou em 31 de janeiro de 99. Oliboni prorrogou o contrato sem licitação.
Matéria publicada ontem pelo jornal "O Globo" informava que Oliboni chegou a advogar para a Brasal em ações de cobranças administrativas de créditos contra o Estado do Rio, ganhando para isso 3% dos valores que a empresa viesse a receber.
Após aceitar a demissão, Garotinho disse, por intermédio de sua assessoria, que enviaria ao Ministério Público toda a documentação do caso, para que as denúncias contra Oliboni sejam apuradas.
Na semana passada, o governador chegou a sair em defesa do então secretário, afirmando que a prorrogação de contratos havia sido feita a preços inferiores aos de mercado.
O procurador-geral de Justiça, José Muiños Piñeiro Filho, disse que tudo será investigado e que, se denúncias se comprovarem, o caso será encaminhado ao Poder Judiciário.
Na Assembléia Legislativa, já começam as articulações para a instalação de uma CPI para investigar as denúncias.
O deputado Hélio Luz (PT) disse que vai pedir na terça-feira a abertura da CPI. Luz afirmou ter informações de que Oliboni teria favorecido a Brasal em 94, quando era diretor de Administração da Secretaria de Justiça do Rio.
Antônio Oliboni foi procurado ontem pela Folha e não foi encontrado. O governador passou o dia em Porto Alegre e chegaria ao Rio ontem à noite.

Inferno astral
Garotinho vive a pior crise de seus 15 meses de governo, com acusações e denúncias contra vários auxiliares diretos, como Oliboni, o presidente da Cehab (Companhia Estadual de Habitação), Eduardo Cunha, e o secretário de Administração, Hugo Leal.
Cunha é acusado de favorecer a empreiteira Grande Piso na construção de 10 mil casas populares. Leal é acusado de ter ligações com o escritório Oliboni Advogados e Consultores, que defendeu empresas em ações contra o Estado.


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