São Paulo, terça-feira, 09 de abril de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Marido de Roseana assume Ciência e Tecnologia no Maranhão

Murad volta ao governo e mantém foro privilegiado

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Vinte e sete dias após deixar o governo do Maranhão, o marido da ex-governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA), Jorge Murad, voltará a ocupar um cargo no primeiro escalão: o de secretário extraordinário de Ciência e Tecnológica do Estado.
A volta de Murad ao governo é mais uma tentativa dos advogados do casal de retirar da Justiça Federal do Tocantins as investigações sobre o episódio Lunus.
De acordo com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que representa o casal, Murad passaria, com o status de secretário de Estado, a ter foro privilegiado, só podendo ser investigado ou processado pelo Tribunal Regional Federal, com sede em Brasília.
A nomeação segue a linha traçada pelos advogados de Roseana desde a ação da Polícia Federal na Lunus -empresa dela e de Murad-, ocorrida em 1º de março.
Os advogados conseguiram transferir para o Superior Tribunal de Justiça a investigação, sob o argumento de que Roseana tinha foro privilegiado, já que ela era, na ocasião, governadora.
Com a desincompatibilização da pefelista -ocorrida na última sexta, para que ela possa concorrer às eleições-, Roseana perdeu o privilégio, e os documentos, o computador e o R$ 1,34 milhão apreendidos na empresa poderiam voltar para o Tocantins, local de origem das investigações.
Murad havia anunciado sua saída do governo no dia 12 de março, após afirmar que o dinheiro encontrado na Lunus havia sido arrecadado por ele para a pré-campanha à Presidência de Roseana -e que isso teria ocorrido sem o conhecimento da pefelista.
A ação na Lunus ocorreu devido à suspeita de que a empresa pudesse fazer parte de um esquema de desvio de recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Como a governadora e Murad estão envolvidos na mesma investigação, o inquérito, que deveria voltar a correr em Palmas, pode ser transferido para o TRF.

Cargo recém-criado
O cargo de secretário de Ciência e Tecnologia não existia até sexta-feira. De acordo com a lei de reforma do executivo elaborada por Roseana em 1999, o governo pode criar até seis secretarias extraordinárias e estabelecer sua função no ato da nomeação.
Murad foi o único secretário nomeado ainda na sexta, no primeiro ato administrativo do sucessor de Roseana, José Reinaldo Tavares (PFL). Todos os outros secretários foram nomeados ontem.
Segundo o governo, Murad terá a função de administrar os centros de capacitação tecnológica criados no Estado. Oito já foram inaugurados e o governo diz pretender colocar mais sete em funcionamento nos próximos anos.
O anúncio da nomeação do marido de Roseana acontece um dia depois de a Polícia Federal tentar intimar a presidenciável -que se recusou a assinar a intimação- e Murad -que não foi encontrado- para deporem no inquérito que investiga o projeto Usimar, um dos maiores exemplos de fracasso da Sudam.
Ainda na noite de anteontem, o superintendente da Polícia Federal no Maranhão, Augusto Serra Pinto, se reuniu com Roseana para, segundo ele, "deixar claro que a PF cumprirá seu papel sem perseguir ninguém".
O superintendente da PF disse ter ido ao encontro da ex-governadora por iniciativa própria, porque ele estaria sendo informado pela imprensa de que Roseana teria "muitas queixas a fazer sobre a ação da PF". Além do caso Usimar, Roseana e Murad podem ser intimados a depor em ao menos outro quatro inquéritos da PF, que apuram irregularidades na Sudam e a ação da Polícia Militar Maranhense no escritório de inteligência da PF em São Luís, ocorrida em 27 de março.

Acordo
A Agência Folha apurou que foi feito um acordo para a marcação da data dos depoimentos do casal. A PF disse que não revelará data, horário ou local porque o inquérito corre em segredo de Justiça.
O advogado de Roseana confirmou o acordo e afirmou que a própria pefelista dará conhecimento prévio sobre as circunstâncias do depoimento.
Devido à tentativa de intimação, o advogado Castro disse que adiou para a manhã de hoje a entrega, que ocorreria ontem, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) do nome dos supostos doadores do R$ 1,34 milhão.


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