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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Marido de Roseana assume Ciência e Tecnologia no Maranhão
Murad volta ao governo e mantém foro privilegiado
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
Vinte e sete dias após deixar o
governo do Maranhão, o marido
da ex-governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA),
Jorge Murad, voltará a ocupar um
cargo no primeiro escalão: o de
secretário extraordinário de Ciência e Tecnológica do Estado.
A volta de Murad ao governo é
mais uma tentativa dos advogados do casal de retirar da Justiça
Federal do Tocantins as investigações sobre o episódio Lunus.
De acordo com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro,
que representa o casal, Murad
passaria, com o status de secretário de Estado, a ter foro privilegiado, só podendo ser investigado ou
processado pelo Tribunal Regional Federal, com sede em Brasília.
A nomeação segue a linha traçada pelos advogados de Roseana
desde a ação da Polícia Federal na
Lunus -empresa dela e de Murad-, ocorrida em 1º de março.
Os advogados conseguiram
transferir para o Superior Tribunal de Justiça a investigação, sob o
argumento de que Roseana tinha
foro privilegiado, já que ela era, na
ocasião, governadora.
Com a desincompatibilização
da pefelista -ocorrida na última
sexta, para que ela possa concorrer às eleições-, Roseana perdeu
o privilégio, e os documentos, o
computador e o R$ 1,34 milhão
apreendidos na empresa poderiam voltar para o Tocantins, local
de origem das investigações.
Murad havia anunciado sua saída do governo no dia 12 de março,
após afirmar que o dinheiro encontrado na Lunus havia sido arrecadado por ele para a pré-campanha à Presidência de Roseana
-e que isso teria ocorrido sem o
conhecimento da pefelista.
A ação na Lunus ocorreu devido
à suspeita de que a empresa pudesse fazer parte de um esquema
de desvio de recursos da extinta
Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Como a governadora e Murad
estão envolvidos na mesma investigação, o inquérito, que deveria
voltar a correr em Palmas, pode
ser transferido para o TRF.
Cargo recém-criado
O cargo de secretário de Ciência
e Tecnologia não existia até sexta-feira. De acordo com a lei de reforma do executivo elaborada por
Roseana em 1999, o governo pode
criar até seis secretarias extraordinárias e estabelecer sua função no
ato da nomeação.
Murad foi o único secretário nomeado ainda na sexta, no primeiro ato administrativo do sucessor
de Roseana, José Reinaldo Tavares (PFL). Todos os outros secretários foram nomeados ontem.
Segundo o governo, Murad terá
a função de administrar os centros de capacitação tecnológica
criados no Estado. Oito já foram
inaugurados e o governo diz pretender colocar mais sete em funcionamento nos próximos anos.
O anúncio da nomeação do marido de Roseana acontece um dia
depois de a Polícia Federal tentar
intimar a presidenciável -que se
recusou a assinar a intimação- e
Murad -que não foi encontrado- para deporem no inquérito
que investiga o projeto Usimar,
um dos maiores exemplos de fracasso da Sudam.
Ainda na noite de anteontem, o
superintendente da Polícia Federal no Maranhão, Augusto Serra
Pinto, se reuniu com Roseana para, segundo ele, "deixar claro que
a PF cumprirá seu papel sem perseguir ninguém".
O superintendente da PF disse
ter ido ao encontro da ex-governadora por iniciativa própria,
porque ele estaria sendo informado pela imprensa de que Roseana
teria "muitas queixas a fazer sobre
a ação da PF". Além do caso Usimar, Roseana e Murad podem ser
intimados a depor em ao menos
outro quatro inquéritos da PF,
que apuram irregularidades na
Sudam e a ação da Polícia Militar
Maranhense no escritório de inteligência da PF em São Luís, ocorrida em 27 de março.
Acordo
A Agência Folha apurou que foi
feito um acordo para a marcação
da data dos depoimentos do casal.
A PF disse que não revelará data,
horário ou local porque o inquérito corre em segredo de Justiça.
O advogado de Roseana confirmou o acordo e afirmou que a
própria pefelista dará conhecimento prévio sobre as circunstâncias do depoimento.
Devido à tentativa de intimação,
o advogado Castro disse que
adiou para a manhã de hoje a entrega, que ocorreria ontem, no
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
do nome dos supostos doadores
do R$ 1,34 milhão.
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