São Paulo, terça-feira, 09 de abril de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Programa de Duda Mendonça evita atacar FHC e diz que "PT não vai tolerar desrespeito" à propriedade produtiva

TV exibe Lula na defensiva e longe do MST

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva e o PT aparecem na defensiva nos programas estaduais do partido exibidos ontem. Lula -a quem foi destinado de um quarto a metade dos programas, em decisão de cada diretório regional- justifica sua posição em pontos frágeis de sua candidatura, assim definidos por meio de pesquisas qualitativas, como reforma agrária, dívida externa e inflação. O petista não critica diretamente os adversários ou mesmo o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
No programa, cuja parte nacional foi dirigida pelo publicitário Duda Mendonça, Lula começa se defendendo das ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), sem citá-lo diretamente ou mencionar a criticada invasão da fazenda dos filhos de FHC, em 23 de março.
"É claro que somos a favor da reforma agrária. É uma questão de justiça. Ela será feita de forma planejada e pacífica. Terra é o que não falta no Brasil", afirmou. "Você, que tem a sua terra e produz, saiba que um governo do PT não vai tolerar desrespeito à sua propriedade", tenta tranquilizar.
Escaldado pelas críticas ao Plano Real em 1994, que levaram sua rejeição na época ao pico de 40% dos eleitores, segundo o Datafolha, Lula adota tom conciliador. "Manter um rigoroso controle da inflação é nossa prioridade. Mas com crescimento econômico, geração de empregos e distribuição de renda."
O petista também responde às críticas -principalmente de órgãos e entidades do exterior- de que poderia dar um calote ou suspender o pagamento da dívida externa. "Vamos honrar todos os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Mas vamos também renegociar condições mais favoráveis ao nosso país."
Para responder ao suposto despreparo de Lula e do PT para exercer a Presidência, também apontado em qualitativas (pesquisas que reúnem grupos de eleitores para que cometem as qualidades e defeitos de um candidato), há duas menções distintas.
Na primeira, Lula aparece em um cenário que reproduz amplo escritório de trabalho com mais de cem pessoas. O petista se movimenta entra elas -em imagens nas quais aparecem sentados, como se estivessem trabalhando, nomes como os economistas Maria da Conceição Tavares e Paul Singer e o físico Luiz Pinguelli Rosa, entre dezenas de outros- e afirma que seu programa de governo é trabalho de 4.000 pessoas.
A outra menção é sobre o número de Estados (6), capitais (7) e prefeituras (mais de 180) que o partido administra. O PT incluiu nesse cálculo administrações que assumiu apenas no fim-de-semana passado, com a renúncia dos que vão disputar cargos diferentes daqueles que exerciam.
Queixas de setores religiosos à pretendida aliança com o PL -que tem em seus quadros membros da Igreja Universal- também são justificadas, desta vez por meio do jingle de Lula. "Não importa a sua crença nem a forma de se pensar, cada um tem o seu jeito de pedir e de rogar."
Outra crítica comum ao PT -ser um partido que torce contra- também é respondida no jingle: "Agora eu quero você, te ver torcendo a favor. A favor do que é direito, da decência que restou, a favor de um povo pobre".
Apresentado pela atriz Giulia Gam, o programa termina com Lula dizendo: "O governo começou a meter na cabeça das pessoas que o PT era o bicho-papão (...)Uma hora dessas isso vai acabar, não vai?"


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