São Paulo, terça-feira, 09 de abril de 2002

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Capiberibe quer que PSB apóie Lula

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador do Amapá João Capiberibe (PSB) disse ontem que a candidatura de Anthony Garotinho à Presidência da República "não representa o PSB na sua essência, mas um desejo pessoal".
Ele defendeu a saída de Garotinho da disputa, em favor de uma aliança da oposição em torno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a condição de que haja "um programa sólido de governo".
"Lula é quem reúne as melhores condições [para ser o candidato da oposição", não só por causa da preferência eleitoral, mas em função da estrutura do PT, que é nacional. Não dá para ignorar essas coisas", disse Capiberibe, que renunciou na sexta-feira para concorrer ao Senado.
Capiberibe disse que pedirá à direção nacional do PSB uma reavaliação da decisão de manter a candidatura própria a presidente. Ele criticou a estratégia adotada pelo ex-governador do Rio de eleger o candidato petista como seu principal adversário.
"Garotinho tenta afastar, distanciar, as bases do PT e do PSB. É preciso, primeiramente, escolher nossos adversários, e o PT nunca foi adversário do PSB", afirmou. Garotinho, que viajou para local não revelado por sua assessoria, não foi encontrado para comentar as declarações de Capiberibe.
É a primeira vez que uma liderança nacional do PSB faz críticas públicas a Garotinho. Até então, apenas a deputada federal Luiza Erundina (SP) tinha se mostrado refratária à candidatura própria, mas em nenhum momento atacou Garotinho ou defendeu sua saída da disputa.
Desde que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu, no mês passado, vincular alianças regionais à coligação nacional, cresce entre os socialistas a preocupação com a viabilidade eleitoral do partido. Antes da verticalização, o PSB estimava eleger 50 deputados. Hoje, essa previsão caiu à metade. A legenda, porém, ainda aguarda uma manifestação do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a resolução do TSE.
Na avaliação de Capiberibe, a verticalização isolou o PSB, que, por ser um partido pequeno, não terá condições de manter uma candidatura própria caso as regras do jogo eleitoral não sejam modificadas.
"A candidatura [de Garotinho" está isolada. Ainda não conseguimos formar uma aliança que nos tire desse isolamento e viabilize boas bancadas no plano federal e nos Estados. A situação está muito delicada", disse.
O ex-governador do Amapá mostrou-se particularmente irritado com a iniciativa de Garotinho de procurar lideranças do PFL e representantes da família Sarney. Segundo Capiberibe, isso "confunde" a opinião pública e o eleitorado do PSB.


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