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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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JANIO DE FREITAS

Cem dias sem dias

No discurso sobre os primeiros cem dias de governo, Luiz Inácio Lula da Silva não disse inverdades sobre os resultados administrativos já obtidos, mas as verdades que disse são dos resultados que fazem felizes os que sempre tiveram razões para estar felizes. E, por tê-las sempre, temeram a eleição de Lula.
Aos que, em vez de temor, tinham esperança, os cem dias de governo foram dias sem resultados ou, ao menos, começo de iniciativas que o discurso de Lula pudesse realçar. A única exceção, o salário mínimo, foi mencionada como um lamento por ser o que é, quase um pedido de desculpas.
Disse Lula que "o sacrifício não é em vão". Não é, mesmo. Depende de para quem não é em vão. Os bancos estão ganhando ainda mais, os especuladores estão ganhando ainda mais, os que enriquecem com os juros aplicados à dívida brasileira estão ganhando ainda mais.
A contrapartida é certa: o poder aquisitivo dos assalariados, dos funcionários, dos aposentados e pensionistas continuou arruinando-se (na metade dos cem dias, já caíra mais de 5%). E a concentração de renda continuou tornando-se maior e mais forte.
Entende-se por que as palavras do vice-presidente José Alencar mereceram quase nenhuma divulgação: "O Brasil não vai tão bem assim. Temos que fazer alguma coisa para ajustar a economia brasileira para que volte a crescer, a gerar empregos e a distribuir renda. A cada dia o salário é mais achatado, além do desemprego".
Lula não disse inverdades, mas verdadeiro foi José Alencar.

Crimes
A morte de dois repórteres no hotel dos jornalistas em Bagdá, alvejado pelo canhão de um tanque americano, e a de um repórter da TV Al Jazira na própria redação, atacada por avião também e naturalmente americano, provocam uma reação decente: afinal uma voz significativa fala em crime de guerra e manifesta disposição de denunciá-lo em que corte judicial possa fazê-lo. É a Federação Internacional de Jornalistas.
Assim a morte desses repórteres ficará ao menos como símbolo dos milhares de outras mortes por crimes de guerra contra civis no Iraque.

Sinal
A ordem na cúpula do PSDB, no Congresso, é aproveitar todos os espaços oferecidos pelos jornais para atacar José Dirceu.
Vale como diploma de eficiência.


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