São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Outra história

A Polícia Federal vai periciar por conta própria os computadores do Palácio do Planalto dentro do inquérito aberto para apurar o vazamento do dossiê com gastos sigilosos do governo FHC.
Por mais que o primeiro escalão do governo insista em dizer que a confecção do papelório não é objeto da investigação, a PF atuará separadamente da comissão de sindicância aberta na própria Casa Civil e do ITI, também subordinado à pasta. "A tecnologia de busca de provas da PF é muito superior à das demais instâncias envolvidas. Não há dúvida de que em 30 dias ela vai apresentar resultados", afirma uma autoridade que acompanha os desdobramentos do caso.



Para comparar. Em 2004, no caso Waldomiro Diniz, a PF periciou um único computador da Casa Civil -o do próprio. Agora, vai vasculhar pelo menos meia dúzia.

Vamos ver. A CPI dos Cartões restrita ao Senado será um teste de fidelidade para o PMDB. Se o líder Valdir Raupp (RO) escalar dois nomes leais ao governo e outros menos confiáveis, "vai ficar claro que o partido não acha mal dar um susto no Planalto", afirma um parlamentar.

Surpresa! A abertura de 102 caixas enviadas pelo governo à CPI mista dos Cartões e a reorganização de seu conteúdo reduziu o número para 51. Várias tinham apenas parte do espaço preenchido.

E aí? Membro da Executiva Nacional do PT, Valter Pomar pediu à direção da sigla que tome posição, em encontro na próxima terça-feira, sobre a proposta de mudar a Constituição para permitir a Lula disputar um terceiro mandato consecutivo, defendida pelo deputado Devanir Ribeiro (SP). Na ocasião, a cúpula voltará a registrar sua insatisfação com a aliança tucano-petista em Belo Horizonte.

Queridinho. Eduardo Campos (PSB) vai integrar a comitiva de Lula na visita à Holanda. Para aplacar o ciúme dos demais governadores, a Presidência da República justifica a escolha lembrando a influência da colonização holandesa em Pernambuco.

É guerra 1. Cerca de 20 pessoas vaiaram Gilberto Kassab (DEM) ontem, na inauguração de um hospital na zona sul paulistana. Um aliado do prefeito foi conferir: o grupo, que nada tinha de petista, dizia estar ali a pedido de Gerson Guerra, que trabalha para um político local ligado ao deputado Julio Semeghini, alckmista de carteirinha.

É guerra 2. Semeghini nega ter orientado Guerra. "Nunca conversei mais do que dois minutos com ele", diz. "Isso é do que menos precisamos agora", completa, referindo-se ao tiroteio entre tucanos pró-Kassab e apoiadores de Geraldo Alckmin.

Lá e cá. Em conversa com Márcio França, líder do PSB na Câmara, Kassab convidou o "bloquinho", que inclui também PDT e PC do B, a apoiar sua reeleição. No mesmo dia, França esteve com o presidente do PT paulista, Edinho Silva, que negocia alianças para Marta Suplicy.

Light. Apesar de recomendação contrária do Tribunal de Contas, a base da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, aprovou a gestão financeira de 2003 de seu antecessor, Juraci Magalhães (PR). A petista, agora ex-radical, também surpreende nas alianças para tentar a reeleição: prometeu ao PMDB até coligação na chapa de vereadores.

Como fica. Marco Maciel (DEM-PE) vê chance de acordo sobre as novas regras para suplente de senador, a serem votadas hoje na CCJ. Nos casos de vacância, o cargo seria ocupado pelo suplente até a ocorrência de nova eleição. Seria mantido o calendário atual, que prevê a realização de pleitos a cada dois anos.

Tiroteio

Debater a reforma política em 2008 é antídoto contra a tentação do terceiro mandato que pode surgir em 2009, após as eleições municipais.

Do senador RENATO CASAGRANDE (PSB-ES), negando que sua proposta de constituição de uma comissão mista para analisar mudança nas regras eleitorais seja trampolim para o terceiro mandato de Lula.

Contraponto

Patinhas

Ao revisarem material colhido na Operação Aquarela, policiais e promotores do Distrito Federal se divertiram com trechos do depoimento, em outubro, de Nenê Constantino, dono da GOL. O empresário declarou que tinha "mania" de guardar altas somas de dinheiro em casa por "detestar" pagar CPMF. Quando lhe perguntaram onde ficava o dinheiro, disse que o amontoava na despensa.
"Seu Nenê", como é conhecido, entrou na investigação devido à negociação de um cheque de R$ 2,23 milhões com o ex-senador Joaquim Roriz. Os interrogadores insistiram em checar a história do "dinheiro na despensa". Apontaram um armário, perguntando quanto caberia ali:
-Uns R$ 3 mi-, respondeu o empresário, sem hesitar.


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