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Comissão veta posse de TV por congressista
Parecer aprovado pela CCJ do Senado proíbe novas concessões de radiodifusão a parlamentares e rejeita renovação das existentes
Proposta de Pedro Simon foi apreciada em sessão com 4 integrantes e vai a votação no plenário; pelo menos 17 senadores têm emissoras
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Constituição
e Justiça do Senado aprovou,
na noite de anteontem, um parecer do senador Pedro Simon
contrário a que deputados e senadores tenham emissoras de
rádio e de televisão.
O parecer propõe que o Senado não aprove novas concessões de radiodifusão para empresas pertencentes a deputados e senadores e rejeite a renovação das concessões já existentes. O parecer agora irá a votação pelo plenário do Senado.
Apenas quatro senadores estavam na reunião que aprovou
o parecer. A medida provocou
discussão, ontem, na comissão.
O presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), foi cobrado pelo senador Antonio
Carlos Magalhães Júnior
(DEM-BA), acionista da TV Bahia, afiliada da Rede Globo no
Estado, e um dos membros titulares da comissão.
ACM Júnior reclamou por
Demóstenes Torres ter colocado a matéria em votação com
poucos presentes. Segundo o
presidente da CCJ, a reunião
era continuação da sessão da
quarta-feira da semana anterior, que teve presença maciça
dos membros da comissão e todos foram informados sobre a
pauta de anteontem.
Vários políticos importantes
do Congresso têm emissoras de
radiodifusão, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), proprietário da rádio e da TV Jangadeiro,
em Fortaleza; Roseana Sarney
(PMDB-MA) -acionista da TV
Mirante, afiliada Globo, e de
três rádios no Maranhão-;
Fernando Collor de Mello
(PTB-AL) -acionista da TV
Gazeta, em Maceió, afiliada da
Globo-; e José Agripino, líder
do DEM no Senado e proprietário de uma emissora de rádio
no Rio Grande do Norte.
Pelo menos 17 senadores
aparecem como proprietários
de empresas de radiodifusão no
cadastro da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações), fora os que têm emissoras em nome de familiares.
O vice-presidente da CCJ,
Wellington Salgado de Oliveira
(PMDB-MG), é um deles e estava ausente da sessão que aprovou o parecer.
A legislação de radiodifusão
não impede que políticos em
mandato sejam proprietários
de emissoras de radiodifusão.
Só proíbe que eles ocupem cargos diretivos nas empresas, para que não usem a imunidade
parlamentar para escapar de
processos na Justiça.
O parecer da CCJ aprovado
anteontem vai além do previsto
na legislação do setor, ao interpretar o artigo 54 da Constituição, segundo o qual, deputados
e senadores não poderão ""ser
proprietários, controladores
ou diretores de empresa que
goze de favor decorrente de
contrato com pessoa jurídica
de direito público, ou nela exercer função remunerada".
O parecer de Simon é de que
as concessões podem ser usadas como elementos de barganha do Executivo para cooptar
votos do Congresso. Ele cita o
episódio de 2006, em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva requisitou a devolução de
225 processos de renovação de
outorgas de radiodifusão que
corriam risco de serem rejeitados pela Comissão de Ciência e
Tecnologia da Câmara, atendendo a apelos de políticos.
O parecer foi solicitado, em
2006, pelos senadores Eduardo
Suplicy (PT-SP), Tião Viana
(PT-AC) e pela ex-senadora
Heloísa Helena (PSOL-AL).
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