São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2000


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QUESTÃO AGRÁRIA
Andrea Matarazzo diz que nota da Fundação Padre Anchieta que o acusa de censura é "equivocada"
Conselho da Cultura critica veto a Stedile

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, da qual faz parte a TV Cultura, considerou, por unanimidade, "inoportuna e inconstitucional" a intervenção do ministro da Secretaria de Comunicação de Governo, Andrea Matarazzo, no programa "Opinião Brasil", na sexta passada.
O ministro não deixou que uma entrevista com João Pedro Stedile, dirigente do MST, fosse ao ar em rede nacional pela TV Educativa.
"Opinião Brasil" é produzido pela TV Cultura, em São Paulo, e retransmitido por meio da TVE para Brasília e Rio de Janeiro.
Por meio de uma nota oficial, o conselho afirmou que considerou a atitude do ministro "atenta contra a liberdade de imprensa". "É importante destacar que o fundamento do regime democrático é o respeito às liberdades públicas, cabendo às autoridades promovê-las e assegurá-las", segundo a nota oficial.
O conselho é responsável pela aprovação de medidas propostas pela editoria executiva da fundação. É formado por 46 pessoas que representam diferentes segmentos da sociedade. A primeira-dama Ruth Cardoso fez parte do conselho de 84 até 96.
Na votação que foi realizada na manhã de ontem compareceram 24 conselheiros, inclusive o presidente da fundação, Jorge da Cunha Lima.
Entre os que participaram da reunião, estavam presentes o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça, a escritora Ruth Rocha, e o secretário municipal de Cultura, Rodolfo Konder.
Não compareceram à reunião a secretária de Educação de São Paulo, Rose Neubauer e o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, além do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira.
A assessoria de Matarazzo, afirmou ontem que ele considerou "equivocada" a nota.
Segundo ele, a TVE -subordinada à sua pasta- não tem obrigação de transmitir todos os programas gerados pela Cultura.
Matarazzo disse ainda que não foi a primeira vez que a TV Educativa deixou de exibir programas gerados pela TV Cultura. Segundo sua assessoria, o ministro não conversou com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o veto e considerou o caso "encerrado".
O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, afirmou ontem que o presidente não foi informado previamente do veto.
José Rainha Júnior, líder do MST, comentou o caso ontem e disse que FHC não tem mais "moral" para falar em democracia.
"Primeiro ele vem com Lei de Segurança Nacional e agora com a censura à entrevista. O que falta mais para a ditadura? Nada", disse Rainha. Ele reafirmou que o MST vai recrudescer suas ações.


Colaborou a Agência Folha, em Salvador


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