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SEGURANÇA
Após admitir estar mal informado sobre o MST e os caminhoneiros, governo implanta sistema de informações
Rede de coleta do extinto SNI é recriada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo criou ontem o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, que vai coordenar
e integrar as atividades de inteligência de todo o país. Ele ficará
subordinado à Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) e recria
a rede de informações existente
na época do extinto SNI (Serviço
Nacional de Informações).
Apesar de estar em estudos há
pelo menos um mês, o decreto foi
assinado uma semana depois de o
governo ter sido surpreendido
pela ação de integrantes do MST,
que invadiram e depredaram 14
prédios públicos, e pela greve dos
caminhoneiros, que ameaçou o
abastecimento no país.
Na avaliação do governo, muito
do que ocorreu poderia ter sido
evitado se o sistema de coleta de
informações dos dados obtidos
pelas secretarias estaduais e municipais de segurança pública estivesse funcionando de forma integrada e articulada.
Caberá à rede "identificar,
acompanhar e avaliar ameaças
reais ou potenciais, além de promover a coleta, busca e análise de
dados e de produzir conhecimentos que subsidiem decisões na esfera de inteligência dos governos
federal, estadual e municipal".
O conselho, de acordo com o
decreto 3.448/00, será presidido
pelo diretor-geral da Abin, Ariel
de Cunto, mas vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional,
chefiado pelo general Alberto
Cardoso, ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional.
Também fazem parte do conselho dois representantes do Ministério da Justiça (um deles do setor
de inteligência da Polícia Federal),
cinco representantes do Ministério da Defesa (pelo menos um dos
órgãos de inteligência de cada
uma das Forças Armadas), um representante do Gabinete de Segurança Institucional e um integrante da Defesa Civil (Ministério
da Integração Nacional).
Segundo o decreto que criou o
subsistema, assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo general Cardoso, o objetivo "é reduzir ao máximo o grau
de incertezas sobre questões pertinentes à segurança pública".
"Queremos aumentar a capilaridade de coleta de informações,
nos antecipar aos fatos e planejar
melhor o trabalho de inteligência", disse à Folha o general.
Até agora, a Abin vinha trabalhando com dados coletados apenas por seus 14 escritórios estaduais e pela Internet, usando para
isso agências de notícias e sites de
partidos e de entidades ligadas
aos movimentos social e sindical.
O decreto prevê que somente
irão aderir ao Subsistema de Inteligência os Estados e municípios
que quiserem. A adesão por meio
de convênios é a grande diferença
do sistema do SNI, extinto no governo Fernando Collor (90-92).
Segundo o general Cardoso, 22
Estados aderiram e já firmaram o
protocolo do convênio para integrar o subsistema de inteligência.
"Cinco Estados ainda não aderiram, mas esperamos que todas as
unidades da Federação participem", disse. Naquele período, as
secretarias de segurança eram
obrigadas a integrar a rede nacional por meio das Divisões de Segurança e Informações.
O deputado José Genoino (PT-SP), membro da comissão que
analisou a criação da Abin e opositor da rede integrada, pensa diferente: ""Isso recria o velho SNI
com outro nome".
""Não é nada disso. São informações basicamente sobre segurança pública, o crime organizado.
Não são contra um inimigo interno", disse o general.
A criação da rede acaba por sobrepor as ações da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que
é do Ministério da Justiça.
Para a assessoria do general
Cardoso, não há sobreposição
porque a rede estava prevista na
lei que criou a Abin em dezembro.
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