São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2001

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Arruda pretende votar em seu processo

VERA MAGALHÃES
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) pretende votar no processo em que é acusado de participar da violação do painel eletrônico do Senado, em junho de 2000, quando foi cassado o ex-senador Luiz Estevão. Arruda é titular do Conselho de Ética e, apesar de estar envolvido no caso, não pretende se licenciar.
O ex-líder do governo está consultando um a um os membros do conselho sobre sua idéia de votar. Constrangidos, os senadores evitam opinar, mas, reservadamente, dizem que Arruda deveria se licenciar.
A decisão de votar faz parte da estratégia de defesa solitária deflagrada por Arruda no início da semana. Nas conversas que tem com os membros do conselho, ele também defende que a votação do parecer do relator Saturnino Braga (PSB-RJ), pela abertura ou não do processo de cassação contra ele e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seja fechada.
Ontem também começaram a chegar aos gabinetes dos senadores que integram o Conselho de Ética os envelopes com o carimbo de "reservado" contendo a defesa prévia de Arruda.
Apesar de ser envolvido na fraude no painel, regimentalmente Arruda não está impedido de votar. O impedimento é uma questão ética, que só pode ser invocado pelo próprio interessado.
Arruda ocupa uma das três vagas destinadas ao PSDB no conselho. Apesar de ter saído do partido, não pode ser destituído, pois os membros do conselho são eleitos, e o mandato é pessoal, não partidário.
"Não há uma regra escrita que o impeça de votar. Mas há um entendimento tácito de que um senador não deve votar em um caso no qual é parte interessada", opina o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Bernardo Cabral (PFL-AM).
Mas há precedentes para a pretensão de Arruda. Vários senadores lembraram que o ex-senador Luiz Estevão, cassado justamente na sessão em que ocorreu a violação do painel, votou no plenário em seu processo.
O presidente do conselho, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que vai fazer consultas para verificar se não há impedimento para que Arruda vote.

Impasse na oposição
A oposição também se articula para resolver o problema da "dança das cadeiras" no Conselho de Ética. Ontem, os senadores começaram a discutir qual dos três titulares do bloco dará lugar ao relator Saturnino Braga, que é suplente.
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) foi escalada para conversar com o senador Lauro Campos (sem partido-DF), na tentativa de convencê-lo a ceder sua vaga. Mas a conversa promete ser difícil. "Já abri mão da CCJ uma vez e da liderança do PT duas vezes. Não pretendo abrir mão novamente. Gostaria de votar aberto, para que todos os que fofocaram meu voto vejam a verdade", disse Campos.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM), que perderia a vaga pelo critério normalmente usado, da ordem em que os membros foram eleitos, espera uma saída negociada, porque também não quer deixar de votar.


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