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RUMO A 2002
Problema de FHC não é a oposição, mas base instável, diz ministro
No Congresso, Serra apóia
parlamentarismo em 2006
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, José Serra,
defendeu a instalação do parlamentarismo a partir de 2006, disse que o Executivo é fraco e que
direita, esquerda e elite intelectual
têm uma visão distorcida -que
ele chamou de "economicista"-
da sociedade brasileira.
Presidenciável do PSDB, Serra
foi convidado a apresentar sua
posição na comissão que debate a
emenda constitucional do parlamentarismo. Disse que "o problema do governo não é a oposição,
que é pequena", mas "a base do
governo, que é instável [..." e às vezes soma com a oposição para votar contra o governo".
Serra criticou o presidencialismo como elemento de coesão dos
partidos, afirmando que não houve maioria no passado, não há hoje e não haverá no futuro. "No
parlamentarismo, há pressão para diminuir a instabilidade, porque senão o parlamentar se prejudica e prejudica o seu partido."
Serra foi um dos avalistas da
aliança entre PMDB e PSDB para
a eleição dos novos presidentes da
Câmara e do Senado, em fevereiro, e que não resultou, até agora,
em estabilidade ao governo.
O ministro fez críticas à atual
Constituição: "Ela acomodou populismo econômico e imobilismo
político. O Brasil tem a política
mais individualista do mundo".
Quanto ao prazo para a mudança do sistema de governo, o ministro disse que 2006 seria um
tempo ideal para não misturar o
tema com os interesses em jogo
para as eleições de 2002. E citou
que o PT, em 1993, defendia o parlamentarismo e teria mudado para o presidencialismo diante da
possibilidade de eleger Luiz Inácio Lula da Silva em 1994. "O plebiscito [que manteve o presidencialismo em 1993" foi um erro."
No plenário, um deputado tucano comentou com colegas que o
prazo proposto por Serra seria
uma forma de garantir sua candidatura presidencial no próximo
ano, independentemente de defender o parlamentarismo.
"Se a emenda for votada, peço
licença do ministério para votá-la", declarou, frisando que voltaria no dia seguinte à votação.
O ministro se recusou a comentar a possibilidade de o PSDB deixar a bandeira parlamentarista
para apostar em um nome presidenciável forte com as regras vigentes -o próprio Serra.
Mas, durante a palestra, deixou
claro que a mudança do sistema
de governo precisa ser feita agora
para vigorar no futuro. Em seu
entendimento, a reforma política
não é condição para o parlamentarismo. "Esse sistema não exige
partidos fortes. Isso é um mito."
Serra defendeu o uso das medidas provisórias, lembrou que foram criadas para um governo
parlamentarista e que são um instrumento de "governabilidade".
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