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JANIO DE FREITAS
O cenário montado
A repercussão negativa do
escândalo (ainda) da privatização da Vale recaiu, até agora, quase exclusivamente em
Fernando Henrique Cardoso,
pela comprovação de que, também quando informado sobre a
denúncia de comissões ilegais,
mais uma vez preferiu, "aos gestos em favor do esclarecimento
das suspeitas", "deixar incólumes indícios de desmandos em
seu governo", segundo as expressões do franco editorial da Folha
de anteontem. Personagem
também, José Serra passa quase
ileso sob o escândalo.
Passava. A aprovação do requerimento de Eduardo Suplicy,
para que os envolvidos no escândalo sejam inquiridos na Comissão de Fiscalização e Controle
do Senado, assegura continuidade e, agora, cenário público
ao caso. Tudo poderia ficar, ainda, na confrontação de palavras, da qual sobressai a prevaricação de Fernando Henrique
apontada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, que em vão o
informou da história de comissão entre um diretor do Banco
do Brasil e o comprador da privatizada Vale. Outra providência estenderá a repercussão negativa a José Serra.
O pedido, feito pelo procurador Luiz Francisco de Souza, de
auditoria da Receita Federal
nas declarações de 19 pessoas e
empresas ligadas a Ricardo Sérgio vai, necessariamente, suscitar questões ligadas à atividade
desse arrecadador de dinheiro
nas campanhas passadas de José
Serra e Fernando Henrique. E isso é muito delicado para Serra, a
esta altura: as finanças de Ricardo Sérgio & cia. vão levantar o
assunto de sonegações nas campanhas, entre elas a de pelo menos R$ 600 mil (à época, equivalentes a US$ 600 mil e, hoje, próximos de R$ 1,6 milhão) na prestação de contas da campanha
senatorial de Serra. Mesmo prescrito o crime eleitoral, o assunto
é gravemente corrosivo, como
Fernando Rodrigues bem mostrou ontem.
De quebra, até a Polícia Federal-RJ entrou com pedido judicial de quebra do sigilo fiscal de
Ricardo Sérgio, no inquérito que
se espicha desde o ano passado
sobre denúncias contra Ricardo
Sérgio; no qual só foi ouvido Antonio Carlos Magalhães, há
quatro meses, e cujos encarregados foram todos afastados, há
dois meses, pelo superintendente
da PF-RJ procedente da assessoria de Serra no Ministério da
Saúde.
Não se perca a observação: no
Senado, todos os assuntos referentes a Serra e a sua candidatura vão encontrar o PFL na atitude sem precedentes de voraz
apetite interrogativo.
Tudo sugere que, para José
Serra e sua candidatura, o escândalo ainda vai começar.
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