São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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QUESTÃO AGRÁRIA

Pastoral também é acusada; coordenador do movimento diz que eles "até varreram o pátio antes de sair"

Incra acusa MST de depredar prédio em PE

MILENA ANDRADE
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão sendo acusados pelo superintendente do Incra em Pernambuco, Geraldo Eugênio de França, de terem depredado o prédio e promovido saques nos dois dias em que permaneceram no instituto, em Recife.
"Nunca tinha visto uma loucura dessas. Foi um comportamento primitivo e os responsáveis terão que responder judicialmente. Bandido se trata como bandido."
Nos dois edifícios anexos à superintendência, a Polícia Federal encontrou, em vistoria realizada ontem, portas arrancadas, janelas quebradas, documentos espalhados e depósitos saqueados.
O levantamento foi feito para abertura de inquérito contra o coordenador do MST no Estado, Jaime Amorim, o sem-terra Antonio Francisco da Silva e a integrante da CPT Marluce Melo.

Outro lado
O MST apresentou nota dizendo a direção do Incra foi irresponsável quando deixou o prédio sem seguranças ou qualquer comando administrativo.
"Desde o início alertamos para esse abandono. Assumimos determinada parte no ocorrido porque eram 1.500 trabalhadores", disse Amorim. Mas ele afirma que os integrantes do MST e do CPT não praticaram vandalismo.
"Até varremos o pátio antes de sair. Quem tomou conta do prédio quando saímos foi a polícia, o que aconteceu lá depois é de responsabilidades deles e do Incra", diz Amorim, que acha que tudo pode ter sido uma armação. Apesar de dizer que os integrantes não praticariam tal ato, ele afirma que "o povo tem motivos para ter raiva do Incra".
A acusação de que a polícia pode ter depredado o prédio para incriminar o MST é contestada pelo superintendente adjunto do Incra, Roberto Rodrigues.
"Estive lá assim que o prédio foi esvaziado e presenciei a destruição. Além disso, só havia aqui os porteiros. A polícia só esteve aqui na manhã do dia seguinte."
A invasão ocorreu na segunda para forçar uma reunião com a superintendência. A negociação acabou não ocorrendo porque não houve acordo para a desocupação do prédio, que ocorreu anteontem à noite.



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