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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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PT SOB SUSPEITA

Comissão da Câmara dos Deputados quer ouvir investigados

Caso Sto. André "migra" para Brasília

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após passar cinco meses nas mãos de vereadores da base de sustentação petista, as investigações legislativas sobre supostas irregularidades na Prefeitura de Santo André já têm o seu próximo destino: a Câmara dos Deputados, em Brasília, mais precisamente a CFFC (Comissão de Fiscalização Financeira e Controle).
Anteontem, a pedido do deputado André Luiz (PMDB-RJ), a comissão aprovou a realização de uma audiência pública para investigar as denúncias que pesam contra pessoas próximas à prefeitura por formação de quadrilha e extorsão de empresários.
A Câmara irá convidar (a presença não é obrigatória) cinco pessoas ligadas ao caso: a empresária Rosângela Gabrilli, que denunciou suposto esquema de propina; o empresário Sérgio Gomes da Silva, que estava com Celso Daniel (prefeito da cidade assassinado em janeiro de 2002) quando ele foi sequestrado; o promotor criminal José Roberto Wider; o prefeito da cidade, João Avamileno (PT), e o presidente da CPI, Antonio Leite (PT).
Dos que serão convidados, apenas Avamileno não confirmou sua presença. Segundo sua assessoria, ele primeiro quer receber formalmente o convite e analisar o objetivo da comissão.
O PT, porém, já está se mexendo para impedir a transferência do caso para Brasília. Ontem o deputado João Magno (PT-MG), um dos membros da comissão, apresentou recurso à Mesa da Câmara alegando a inconstitucionalidade da audiência. "É uma questão política", disse Magno. Autor do pedido, o deputado André Luiz nega a motivação política e diz que sua intenção partiu de uma "investigação sigilosa" sobre repasses de verbas federais -caso desconhecido da Promotoria.
Um dos que denunciaram o suposto esquema, o médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado, diz que tomou conhecimento do caso durante uma conversa em que Gilberto Carvalho (ex-secretário de Governo da cidade e hoje chefe de gabinete de Lula) lhe contou "que R$ 1,2 milhão da propina foi entregue" ao então presidente do PT, José Dirceu (hoje ministro-chefe da Casa Civil). Gilberto e Dirceu negam as acusações.
O advogado Adriano Salles Vanni declarou ontem que, "em princípio, não há problemas" de Sérgio Gomes aceitar o convite da comissão [de fiscalização]".


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