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Delúbio diz ter PT em seu DNA, mas desiste de voltar
Sem maioria, ex-tesoureiro foi convencido a recuar para não afetar candidatura Dilma
Aliados de Delúbio, réu no STF, choraram e aplaudiram quando ele disse que não queria causar "embaraço" nem ser "motivo de divisão"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado de corrupção ativa e
formação de quadrilha no esquema do mensalão, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
recuou na última hora de sua
tentativa de retornar ao partido, ao perceber que perderia a
disputa no Diretório Nacional.
Em discurso na reunião realizada ontem, Delúbio anunciou que estava retirando a carta em que pedia a reintegração
ao partido do qual foi expulso
em 2005. Diversos petistas presentes acompanharam às lágrimas sua fala e irromperam em
aplausos ao seu final. Uma fila
de cumprimentos se formou
para consolar o ex-tesoureiro.
"Não pretendo ser motivo de
qualquer divisão interna. [...]
Nem devo causar tipo algum de
embaraço", disse Delúbio.
A tendência era que o diretório aprovasse a retirada de pauta do pedido do ex-tesoureiro,
numa articulação que juntou
correntes da esquerda partidária -o grupo ligado ao ministro
Tarso Genro (Justiça) e assessores palacianos comandados
pelo chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho,
e o chefe de sua assessoria especial, Marco Aurélio Garcia.
Mesmo assim, Delúbio tem
apoio interno para voltar. Ele
vinha se mostrando firme em
insistir na anistia, mas foi bombardeado com pedidos de reconsideração. Ontem, numa
reunião fechada com o presidente do PT, Ricardo Berzoini,
e membros da Executiva Nacional, Delúbio foi finalmente
convencido a jogar a toalha.
Pesou a avaliação de que sua
volta nesse momento seria prejudicial à pré-candidatura presidencial de Dilma Rousseff.
Delúbio, réu no processo do
mensalão que tramita no STF,
agora deve articular um plano
B para realizar o sonho de ser
candidato a deputado federal
por Goiás. São possibilidades filiar-se a PMDB, PR, PP e PTB.
O discurso misturou passagens emotivas sobre sua biografia com trechos pronunciados em tom de desafio. Disse,
por exemplo, que nada fez sem
autorização. "Não fui, senão,
em todos os instantes, sem exceção, fiel cumpridor das tarefas que me destinou o PT."
Também repetiu que o esquema de caixa dois que comandou ao lado do publicitário
Marcos Valério de Souza deveria ser minimizado por ser prática corrente no país. "Quantos
são os políticos brasileiros que
realizaram campanhas eleitorais sem que alguma soma, por
menor que fosse, não tenha sido contabilizada?", questionou.
Disse ainda que o PT está em
seu DNA e que é o mesmo de
sempre. "O Delúbio de hoje é o
Delúbio de 1980 e será o Delúbio de amanhã", afirmou.
Ao falar que ajudou a fundar
o PT e que contava nos dedos
"de uma das mãos os companheiros de então", disse que
"muitos poderão dizer que valeu a pena. Mas muito poucos
podem dizer como o companheiro expulso que vos fala: começaria tudo outra vez, se preciso fosse".
Berzoini, apesar de ser contra o retorno, disse que ele foi
"vítima de um processo político
sedimentado de financiamento
que não se sustenta mais".
Veto
O partido decidiu proibir todas as decisões de candidaturas
nos Estados antes da definição
nacional da estratégia eleitoral,
no ano que vem. Isso significa
que o diretório gaúcho terá que
desistir de lançar neste ano o
nome de Tarso. "Não podemos
ter 12 ou 14 candidatos consolidados sem antes discutir a tática nacional", disse Berzoini.
A resolução final acabou sem
uma menção reiterando o
apoio a Dilma, que trata um
câncer linfático, como candidata. Segundo Berzoini, não houve mudança no fato de que há
uma "convergência natural"
para o nome da ministra.
Leia o discurso de Delúbio
www.folha.com.br/091289
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