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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Estados desunidos
Ainda que muito se fale nos tropeços das primeiras aparições públicas de Dilma Rousseff como candidata, o que mais preocupa o comando da campanha do PT neste momento é a situação mal parada dos palanques nos Estados. Na semana que passou, o caso mais notável foi o do Rio Grande do Sul, onde uma visita de dois dias de José Serra serviu para esquentar o namoro PSDB-PP -este último com um dote de um minuto e meio de tempo de televisão- e, principalmente, para produzir cenas explícitas de proximidade entre o tucano e o candidato ao governo José Fogaça, cujo PMDB deveria estar, em tese, com Dilma. Pela primeira vez, Fogaça disse que fará o que a seção gaúcha do partido determinar. E esta é pró-Serra.
com LETÍCIA SANDER e GABRIELA GUERREIRO
Balança... Além do Rio
Grande do Sul, a estrutura do
palanque de Dilma também
inspira cuidados no Paraná,
onde foi para o brejo uma
aliança PT-PDT costurada
pessoalmente por Lula, e no
Pará, onde resultaram frustradas todas as tentativas feitas pelo Planalto de mediar o
conflito entra a governadora
petista Ana Júlia e o peemedebista Jader Barbalho.
...balança... Em Santa Catarina, a líder nas pesquisas,
Ângela Amin (PP), outrora
computada como pró-Dilma,
passou a flertar com Serra.
Diz que a eventual presença
do tucano fortalecerá seu palanque. "Quem vier nos ajudar será nosso parceiro."
...mas não cai. Petistas
argumentam, porém, que embora Serra tenha resolvido
mais pendências, suas alianças são mais restritas que as
de Dilma. Citam como exemplo Pernambuco e Ceará.
Vai sonhando. Ainda que
a semana tenha se encerrado
com a iminência de um acerto
pró-Hélio Costa em Minas, há
gente no PT dizendo que, antevendo dificuldade para se
eleger, o peemedebista ainda
pode desistir e optar pela reeleição ao Senado, abrindo caminho para Fernando Pimentel. O PMDB zomba da ideia.
Custo-benefício. Não obstante a aliança fechada com o
PSC, a campanha de Serra
quer mantê-lo o mais distante
possível do Distrito Federal,
onde o único palanque disponível é o do encrencado Joaquim Roriz. Um dirigente tucano resume: "É 1% do eleitorado e 99% de problema".
Quem diria. Do Twitter
de Cesar Maia (DEM): "Serra
deve ter poder de premonição. O início da campanha da
Dilma deu razão a ele em não
preanunciar a candidatura".
O ex-prefeito do Rio foi crítico
ácido da demora do tucano.
Precisava... Com certeza
ninguém criticará Lula em
público, mas, na campanha de
Dilma, houve quem não gostasse de ouvir o presidente da
República afirmar, durante
evento público na sexta-feira
em Pernambuco, que a ex-ministra não cresceu tudo o que
pode nas pesquisas porque
"eu ainda não subi ao palanque com ela para pedir votos".
...dizer? Mesmo que o diagnóstico seja verdadeiro, ponderam os descontentes, explicitá-lo agora em nada contribui com o esforço para apresentar Dilma como uma candidata que pode andar com as
próprias pernas, sem prejuízo
do padrinho poderoso.
Contralto. Em recente almoço com a direção da Rede
TV!, Fernando Henrique Cardoso fez observações críticas
ao desempenho de Dilma nas
primeiras entrevistas de campanha, mas com uma ressalva
galante: "A voz dela é bonita".
Sei não 1. Ainda que os
ministros Paulo Bernardo
(Planejamento) e Alexandre
Padilha (Relações Institucionais) tenham vindo a público
para garantir que Lula vetará
o reajuste de 7,7% para os
aposentados se esse percentual for referendado pelo Senado, no entorno do presidente a certeza não é assim
tão peremptória.
Sei não 2. Ali se diz apenas
que Lula não fará "nenhuma
loucura", sem precisar qual
seria a alternativa "sã".
Tiroteio
Qual é o Serra que quer o apoio do PT?
O do ajuste fiscal ou o que saiu candidato e de
cara prometeu criar mais dois ministérios?
Do deputado ANDRÉ VARGAS (PR), secretário de Comunicação
do PT, em resposta ao candidato tucano, que, durante debate
em Belo Horizonte, disse que gostaria de contar com
a participação do partido em seu eventual governo.
Contraponto
Cinema novo
Numa das várias ocasiões em que veio a público defender o terceiro mandato, Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo
de longa data de Lula, foi chamado para se explicar.
-Que confusão você está arranjando, Devanir! Que história é essa de terceiro mandato?- indagou o presidente.
-Lembra do Glauber Rocha?- devolveu o deputado.
-E o que ele tem a ver com a nossa conversa?
-Não era ele quem dizia para trabalhar com "uma ideia
na cabeça e uma câmera na mão"?
-E você lá tem câmera, Devanir?
-Bom, presidente, eu tenho a ideia. Câmera quem tem
é a Globo, a Record, o SBT...
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