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ELEIÇÕES 2006 / REGRAS DO JOGO
TSE recua e restaura regras de alianças válidas em 2002
Tribunal invalidou decisão de terça-feira após forte pressão de partidos e candidatos
Ministros afirmaram ontem que erraram ao restringir as possibilidades de coligações estaduais de legendas que não disputam a Presidência
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) voltou atrás na decisão de endurecer as regras das
alianças entre partidos nestas
eleições diante da forte reação
do meio político. O recuo ocorreu 48 horas depois de o próprio tribunal adotar decisão
que paralisou as articulações
sobre coligações partidárias.
Ontem à noite, os ministros
restabeleceram a versão "light"
da verticalização das coligações
partidárias adotada em 2002.
Como naquele ano, a única
proibição será a de alianças nos
Estados entre partidos adversários na disputa presidencial.
O tribunal apreciou ontem
um pedido do PL de reconsideração da decisão que, na última
terça-feira, havia retirado dos
partidos que não lançarem candidato a presidente da República a liberdade de coligações nos
Estados. A única exceção seriam as alianças com siglas que
também estivessem fora da
eleição nacional.
O presidente do TSE, Marco
Aurélio Mello, que na terça-feira foi o principal defensor da
mudança, admitiu ontem o erro. Disse que havia sido criada
uma nova regra, que inexiste
nas orientações anteriores do
próprio tribunal, dadas em
2002 e reafirmadas no final de
2005, para estas eleições.
Ao inovar, segundo o ministro, o TSE teria substituído o
papel do Congresso, de legislador, o que não pode ocorrer. Ele
disse que a decisão de terça-feira também contrariava julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) de março último sobre a verticalização.
Anteontem, Marco Aurélio
recebeu representantes do
PMDB e do PFL, que pediram o
recuo. "Cumpre ao magistrado
evoluir tão logo convencido de
haver maior razão ao entendimento inicialmente repudiado", disse ele. "Enquanto a Justiça for obra do homem, ela será passível de falhas."
Dos sete ministros, apenas
um, Cesar Asfor Rocha, havia
sido contra o endurecimento
da regra desde o primeiro momento. Ontem, o recuo foi unânime -Caputo Bastos, estava
ausente e foi substituído por
Marcelo Ribeiro.
Cezar Peluso e Carlos Ayres
Britto disseram que o endurecimento da verticalização fora
uma decisão acertada do ponto
de vista jurídico, mas admitiram a inoportunidade da mudança em momento de articulação de alianças.
A Folha apurou que, quando
inovaram a regra da verticalização, os ministros desconheciam o efeito prático da decisão
e não imaginavam que ela paralisaria a negociação de alianças,
a quatro dias do início do prazo
das convenções partidárias.
"Eu realmente não imaginei
[a enorme repercussão negativa]. Examinei como um ajuste
necessário. Então não pensei
que fosse ter tamanha reação",
disse Britto. Horas antes da
sessão de ontem do TSE, ele
afirmou: "Quando decido, ponho um olho no direito, outro
na sociedade. Sou muito sensível a esses impactos. Não me
envergonho de reconsiderar
[recuar] se for necessário. Vou
de espírito aberto."
Propaganda de Lula
O TSE condenou ontem a
CEF (Caixa Econômica Federal) ao pagamento de multa de
R$ 20 mil por promoção indevida da figura do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em
propaganda institucional veiculada em fevereiro.
A publicidade da CEF citava
Lula como responsável por um
programa de financiamento
habitacional que resultou na liberação de milhões de reais.
O PSDB e o PFL tinham pedido ao TSE que também condenasse o presidente, mas o tribunal disse que seria necessário
provar que ele tinha prévio conhecimento da propaganda.
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