São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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Lula vai intervir para unificar base aliada na CPI, diz Múcio

Ministro afirma que é o presidente "quem faz a coordenação; eu dou os recados"

Governistas que integram a CPI das ONGs ameaçam não marcar presença a fim de que não haja quórum para que comissão se reúna


Marcelo Justo/Folha Imagem
Líder do PT na Assembleia de SP, o deputado Rui Falcão (ao centro) preside, ao lado de sindicalistas, ato contra a CPI da Petrobras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá intervir, mais uma vez, na CPI da Petrobras, disse ontem o ministro José Múcio (Relações Institucionais). Criada há 24 dias, a CPI ainda não tem relator nem presidente definidos por causa da uma falta de acordo entre os senadores do PT e do PMDB.
"O presidente disse que vai tomar a iniciativa de conversar com o presidente do Senado, José Sarney, com o líder do PMDB [Renan Calheiros], com o líder do PT [Aloizio Mercadante], digamos assim, para assuntar, usando uma expressão nordestina, sobre a questão da montagem da relatoria e da presidência", disse Múcio. O impasse na CPI foi tema da reunião de coordenação política ontem no Palácio do Planalto.
O principal empecilho é o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que não aceita a indicação de Romero Jucá (PMDB-RR) para o posto de relator da comissão. Líder do governo do Senado, Jucá tem o apoio do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), e, sobretudo, do Planalto.
Renan vetou o nome do colega para se manter como principal interlocutor do governo na CPI. As vagas de presidente e relator são estratégicas. O primeiro marca e conduz as reuniões. O segundo produz pareceres e elabora o relatório final.
"Na verdade, ele [Lula] é quem faz a coordenação. Eu dou os recados e trago as preocupações", disse Múcio. Será a segunda vez que o presidente intervém nas negociações da CPI da Petrobras. Há duas semanas, ele determinou que os aliados não dividissem o comando da CPI com a oposição.
O presidente pediu que Jucá e Ideli Salvatti (PT-SC) fossem indicados como membros titulares da CPI. Mercadante passou a articular a nomeação de Jucá para relator, o que irritou Renan. Na semana passada, Jucá e Renan tiveram uma discussão, e o líder do governo ameaçou deixar o cargo ao sentir que estava sem apoio de Renan.
Outro problema para os governistas é a CPI das ONGs, que já investiga convênios da Petrobras. Presidente dessa comissão, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) marcou para hoje, às 14h30, uma reunião para votar requerimentos.
Os governistas ameaçam não marcar presença a fim de que não haja quórum e a reunião seja cancelada. Eles querem retomar o posto de relator da CPI, que acabou nas mãos do tucano Arthur Virgílio (AM).
Até o fim do mês passado, a relatoria da CPI das ONGs pertencia ao senador governista Inácio Arruda (PC do B-CE). Ele foi nomeado por quase 24 horas como integrante titular da CPI da Petrobras. Pelo regimento, um senador não pode participar de duas CPIs como titular. Mercadante tentou voltar atrás, retirando Arruda da CPI da Petrobras. Não deu certo. Com aval da Secretaria Geral da Mesa do Senado, Heráclito aproveitou a brecha e colocou Virgílio no lugar de Arruda.


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