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Lula vai intervir para unificar base aliada na CPI, diz Múcio
Ministro afirma que é o presidente "quem faz a coordenação; eu dou os recados"
Governistas que integram a CPI das ONGs ameaçam não marcar presença a fim de que não haja quórum para que comissão se reúna
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Líder do PT na Assembleia de SP, o deputado Rui Falcão (ao centro) preside, ao lado de sindicalistas, ato contra a CPI da Petrobras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá intervir, mais
uma vez, na CPI da Petrobras,
disse ontem o ministro José
Múcio (Relações Institucionais). Criada há 24 dias, a CPI
ainda não tem relator nem presidente definidos por causa da
uma falta de acordo entre os senadores do PT e do PMDB.
"O presidente disse que vai
tomar a iniciativa de conversar
com o presidente do Senado,
José Sarney, com o líder do
PMDB [Renan Calheiros], com
o líder do PT [Aloizio Mercadante], digamos assim, para assuntar, usando uma expressão
nordestina, sobre a questão da
montagem da relatoria e da
presidência", disse Múcio. O
impasse na CPI foi tema da reunião de coordenação política
ontem no Palácio do Planalto.
O principal empecilho é o líder do PMDB, Renan Calheiros
(AL), que não aceita a indicação
de Romero Jucá (PMDB-RR)
para o posto de relator da comissão. Líder do governo do
Senado, Jucá tem o apoio do líder do PT, Aloizio Mercadante
(SP), e, sobretudo, do Planalto.
Renan vetou o nome do colega para se manter como principal interlocutor do governo na
CPI. As vagas de presidente e
relator são estratégicas. O primeiro marca e conduz as reuniões. O segundo produz pareceres e elabora o relatório final.
"Na verdade, ele [Lula] é
quem faz a coordenação. Eu
dou os recados e trago as preocupações", disse Múcio. Será a
segunda vez que o presidente
intervém nas negociações da
CPI da Petrobras. Há duas semanas, ele determinou que os
aliados não dividissem o comando da CPI com a oposição.
O presidente pediu que Jucá
e Ideli Salvatti (PT-SC) fossem
indicados como membros titulares da CPI. Mercadante passou a articular a nomeação de
Jucá para relator, o que irritou
Renan. Na semana passada, Jucá e Renan tiveram uma discussão, e o líder do governo ameaçou deixar o cargo ao sentir que
estava sem apoio de Renan.
Outro problema para os governistas é a CPI das ONGs, que
já investiga convênios da Petrobras. Presidente dessa comissão, o senador Heráclito
Fortes (DEM-PI) marcou para
hoje, às 14h30, uma reunião para votar requerimentos.
Os governistas ameaçam não
marcar presença a fim de que
não haja quórum e a reunião
seja cancelada. Eles querem retomar o posto de relator da
CPI, que acabou nas mãos do
tucano Arthur Virgílio (AM).
Até o fim do mês passado, a
relatoria da CPI das ONGs pertencia ao senador governista
Inácio Arruda (PC do B-CE).
Ele foi nomeado por quase 24
horas como integrante titular
da CPI da Petrobras. Pelo regimento, um senador não pode
participar de duas CPIs como
titular. Mercadante tentou voltar atrás, retirando Arruda da
CPI da Petrobras. Não deu certo. Com aval da Secretaria Geral da Mesa do Senado, Heráclito aproveitou a brecha e colocou Virgílio no lugar de Arruda.
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