São Paulo, terça, 9 de junho de 1998

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PAINEL

Fora de hora
A maré de FHC não anda boa mesmo. Até as viagens ao exterior, que sempre vitaminaram sua popularidade, estão sendo reprovadas em pesquisas qualitativas. A ida aos EUA soou mais como campanha, enquanto o desemprego e a tensão social assustam parte do eleitorado.

Receita tucana
Para Pimenta da Veiga, da cúpula tucana, "ainda está no âmbito de FHC" reverter sua queda nas pesquisas. "Dependerá de uma ação competente na hora do enfrentamento com o Lula, que até agora não tem falado sobre seu projeto de país."

Receita pefelista
Uma ala do PFL aconselha FHC a evitar erros agora (como chamar aposentado de vagabundo) e se poupar para um debate após a Copa do Mundo. Esse grupo avalia que é quando o jogo começa para valer, permitindo recuperar o terreno perdido.

Atrás do prejuízo
Incomodado com o carimbo de que não cumpriu promessas de 94, FHC quer começar a pagar faturas passadas. No dia 15, entrega uma eclusa no rio Tocantins e uma linha de transmissão da hidrelétrica de Tucuruí.

Questão de imagem
Jornalistas que acompanham Lula estão impressionados com o que chamam, eufemisticamente, de excesso de informalidade do petista. Dizem que a expressão "por favor" saiu do vocabulário do candidato.

Efeito pesquisa
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), que era inimigo de Serjão, agora elogia o desafeto. Diz que a falta do ministro e amigo deixou o presidente na situação do cachorro que cai do caminhão de mudança: "Não sabe pra onde ir".

Atacado paulista
O governador Covas (PSDB), candidato à reeleição, acelera as entregas de ambulâncias e de carros de polícia e as assinaturas de convênios. Para cumprir o prazo da lei eleitoral, prefeitos chegam em grupo à capital.

Negócio
Paulo Afonso (PMDB) antecipou para amanhã leilão a fim de trocar dívida (que em 3 anos anos pulou de R$ 100 mi para R$ 200 mi) por 29,5% das ações com direito a voto da estatal elétrica (Celesc). Quer dar ao comprador poder de vetar decisões da empresa por 15 anos.

Filme antigo
O senador Vilson Kleinubing (PFL), opositor de Afonso, diz que "o governo fará um péssimo negócio em cima de outro péssimo negócio". A dívida que origina o leilão foi tema da CPI dos Precatórios. E a Assembléia ameaça não ratificar o negócio.

Mera coincidência
A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, que tem boa relação com Eduardo Jorge (coordenador da campanha de FHC), pode participar do leilão de Afonso. Neste mês, o PMDB faz a convenção que tem efeito legal para a reeleição do presidente.

Para a ONU ver
Ainda não está definida a subordinação da Secretaria Nacional Antidrogas nem se terá status de ministério. Uma corrente defende que seu titular responda diretamente ao presidente. Outra, ao chefe da Casa Militar.

Caindo na real
A aliança PPS-PTB para a eleição presidencial é carta fora do baralho. Ciro Gomes e Andrade Vieira conversaram no domingo e concluíram, realisticamente, que não dá nem para imaginá-la.

Delírio eleitoral
Embora saiba que não tem como levar o PTB a apoiar a candidatura Ciro Gomes (PPS), Andrade Vieira planeja lançar seu nome ou o do ex-governador Hélio Garcia (MG) como candidato do partido à Presidência.

Efeito colateral
A queda de FHC nas pesquisas está complicando a vida do PMDB governista em alguns Estados. Exemplo: na Paraíba, o senador Ronaldo Cunha Lima ganhou novo gás para enfrentar o governador José Maranhão.

Visita à Folha
O cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Hans Ulrich Spohn, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO


De Lula, candidato do PT à Presidência, sobre os tucanos Arthur Virgílio (AM) e Marcello Alencar (RJ) sugerirem que sua vitória traria a inflação de volta:
Ä Primeiro, quero saber o teor alcoólico deles quando disseram isso.

CONTRAPONTO

Brasileiros em Londres
Hospedado no Palácio de Buckingham, quando foi à Inglaterra em dezembro, FHC recebeu em uma noite o secretário de Direitos Humanos, José Gregori, e o editor Fernando Gasparian, que estavam em um hotel.
Os três ficaram conversando e quando perceberam já era quase uma hora da madrugada. Resolveram, então, chamar um táxi.
O carro chegou logo depois, e os dois foram embora.
Durante a viagem, os brasileiros estranharam o fato de que o motorista não parava de observá-los pelo espelho.
Após alguns minutos de constrangimento, o taxista não se conteve e perguntou quem eram e o quê faziam no palácio.
Eles responderam que tinham ido conversar com o presidente do Brasil, hospedado lá. E perguntaram o porquê do espanto.
O motorista explicou:
Ä Em 20 anos de táxi, é a primeira vez que pego alguém no palácio. E acho que na história dos táxis de Londres também.



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