São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2001

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MINISTÉRIO PÚBLICO

Ações do grupo de Hildebrando também serão apuradas

Morte de Chico Mendes pode ter nova investigação

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

A Procuradoria da República no Acre e o Ministério Público Estadual vão pedir hoje à Justiça a reabertura do inquérito que investiga o assassinato do líder dos seringueiros Chico Mendes e a realização de novas investigações sobre crimes que teriam sido cometidos pelo grupo comandado pelo ex-deputado federal Hildebrando Pascoal.
Os novos rumos das investigações somente foram possíveis devido à colaboração de seis presidiários, que decidiram relatar o que sabem sobre o crime organizado, em troca de proteção policial e da transferência da Cadeia Pública Federal para o quartel da Polícia Militar e para distritos policiais de Rio Branco, no Acre.
Segundo a assessoria do Ministério Público Estadual, os depoimentos -durante a última semana- foram feitos aos procuradores da República Marcelo Serra Azul e Osório Barbosa e ao procurador de Justiça do Estado, Eliseu Buchemeier de Oliveira.
Além dos fazendeiros Darci Alves Pereira e Darly Alves da Silva, outras duas pessoas teriam participado da morte do sindicalista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, ocorrida em Xapuri (180 km de Rio Branco), em outubro de 1988.
Segundo a Polícia Federal, os dois novos suspeitos do assassinato -cujas identidades não foram divulgadas à reportagem- estavam acima de qualquer suspeita até a semana passada.
Acusados do assassinato de Chico Mendes, Darly e Darci foram julgados em dezembro de 1990. Os jurados concluíram que Darci matou Chico Mendes a mando de seu pai, Darly. Condenados a 19 anos de prisão, cumprem pena na penitenciária da Papuda, em Brasília. O crime, que ainda não prescreveu, teve repercussão internacional.
Por sua contribuição à proteção dos recursos naturais e do ambiente no Acre, foi outorgado postumamente a Chico Mendes, em 1990, o Prêmio Internacional Nações Unidas/Sasakawa do Meio Ambiente. Uma das maiores reservas extrativistas do Acre leva hoje o seu nome.

Hildebrando
Já Hildebrando Pascoal é agora o principal suspeito de ter ordenado o assassinado do delegado Enoque Pessoa, em Rio Branco, em 4 de dezembro de 1996.
O crime chocou o Estado do Acre e até hoje não foi esclarecido pela polícia. Pelo menos dez pessoas estão agora entre os novos suspeitos de terem cometido crimes a mando de Hildebrando.
Sob a acusação de comandar uma quadrilha de narcotráfico e um grupo de extermínio no Acre, Hildebrando e alguns integrantes de seu grupo estão presos desde 1999 na Cadeia Pública Federal, conhecida no Estado como Papudinha (uma referência à penitenciária da Papuda). Os presos que depuseram reacendendo o interesse pelas investigações tiveram de fazer um requerimento por escrito e encaminhá-lo à Justiça Federal, que autorizou-os a esclarecer aspectos dos crimes até então desconhecidos.


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