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MINISTÉRIO PÚBLICO
Ações do grupo de Hildebrando também serão apuradas
Morte de Chico Mendes pode ter nova investigação
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Procuradoria da República no
Acre e o Ministério Público Estadual vão pedir hoje à Justiça a reabertura do inquérito que investiga
o assassinato do líder dos seringueiros Chico Mendes e a realização de novas investigações sobre
crimes que teriam sido cometidos
pelo grupo comandado pelo ex-deputado federal Hildebrando
Pascoal.
Os novos rumos das investigações somente foram possíveis devido à colaboração de seis presidiários, que decidiram relatar o
que sabem sobre o crime organizado, em troca de proteção policial e da transferência da Cadeia
Pública Federal para o quartel da
Polícia Militar e para distritos policiais de Rio Branco, no Acre.
Segundo a assessoria do Ministério Público Estadual, os depoimentos -durante a última semana- foram feitos aos procuradores da República Marcelo Serra
Azul e Osório Barbosa e ao procurador de Justiça do Estado, Eliseu
Buchemeier de Oliveira.
Além dos fazendeiros Darci Alves Pereira e Darly Alves da Silva,
outras duas pessoas teriam participado da morte do sindicalista
Francisco Alves Mendes Filho, o
Chico Mendes, ocorrida em Xapuri (180 km de Rio Branco), em
outubro de 1988.
Segundo a Polícia Federal, os
dois novos suspeitos do assassinato -cujas identidades não foram divulgadas à reportagem-
estavam acima de qualquer suspeita até a semana passada.
Acusados do assassinato de
Chico Mendes, Darly e Darci foram julgados em dezembro de
1990. Os jurados concluíram que
Darci matou Chico Mendes a
mando de seu pai, Darly. Condenados a 19 anos de prisão, cumprem pena na penitenciária da
Papuda, em Brasília. O crime, que
ainda não prescreveu, teve repercussão internacional.
Por sua contribuição à proteção
dos recursos naturais e do ambiente no Acre, foi outorgado
postumamente a Chico Mendes,
em 1990, o Prêmio Internacional
Nações Unidas/Sasakawa do
Meio Ambiente. Uma das maiores reservas extrativistas do Acre
leva hoje o seu nome.
Hildebrando
Já Hildebrando Pascoal é agora
o principal suspeito de ter ordenado o assassinado do delegado
Enoque Pessoa, em Rio Branco,
em 4 de dezembro de 1996.
O crime chocou o Estado do
Acre e até hoje não foi esclarecido
pela polícia. Pelo menos dez pessoas estão agora entre os novos
suspeitos de terem cometido crimes a mando de Hildebrando.
Sob a acusação de comandar
uma quadrilha de narcotráfico e
um grupo de extermínio no Acre,
Hildebrando e alguns integrantes
de seu grupo estão presos desde
1999 na Cadeia Pública Federal,
conhecida no Estado como Papudinha (uma referência à penitenciária da Papuda). Os presos que
depuseram reacendendo o interesse pelas investigações tiveram
de fazer um requerimento por escrito e encaminhá-lo à Justiça Federal, que autorizou-os a esclarecer aspectos dos crimes até então
desconhecidos.
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