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Agentes viram claque em atos de Garotinho
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
Jovens do programa social
Agentes Comunitários da Paz, do
governo do Rio, estão comparecendo a atos políticos e solenidades públicas promovidos pelo governador Anthony Garotinho
(PSB), pré-candidato à Presidência da República.
O programa é parte do projeto
Jovens Pela Paz, iniciado em agosto passado, que tem o apoio da
Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura) e orçamento de R$ 2,5
milhões mensais.
O secretário de Governo, Fernando William, responsável pelo
programa, diz que a participação
é espontânea e serve para aumentar o grau de consciência política
dos jovens, condição que afirma
ser necessária para que os agentes
desenvolvam suas atividades, que
têm o objetivo de diminuir a violência em áreas carentes.
Os 3.100 agentes têm entre 16 e
24 anos e moram em 305 favelas
ou conjuntos habitacionais conturbados pelo tráfico. Para dar aulas e fazer apresentações artísticas, recebem R$ 240 mensais, dos
quais R$ 90 devem ser gastos em
alimentação e transporte.
Na última semana, agentes estiveram presentes em três solenidades promovidas por Garotinho.
Em uma delas ele aproveitou para
fazer ataques a seus adversários
na disputa pela Presidência.
Em junho, os agentes participaram da caminhada contra o apagão e a corrupção, apoiada pelo
governador e na qual ele criticou
o governo federal.
Para acompanhar os trabalhos
dos agentes, Fernando William
comanda uma estrutura que conta com um coordenador, cinco
supervisores e 41 monitores.
Os outros programas dos Jovens Pela Paz envolvem cerca de
4.600 integrantes da mesma faixa
etária, que também recebem remuneração, prestando serviços
em quartéis da PM (reservistas) e
em órgãos e secretarias estaduais
(infratores em liberdade assistida
e deficientes físicos).
O governo pretende expandir os
programas até chegar a 10 mil
participantes, mas o coordenador
dos Agentes Comunitários da
Paz, Celso Ribeiro, diz que isso
pode não ser possível, pois há resistências na véspera de um ano
que antecede eleições.
O receio de Ribeiro reflete o temor de Garotinho diante de problemas com a Justiça Eleitoral. O
Tribunal Regional Eleitoral já suspendeu, há duas semanas, programas do governador na rádio
Tupi e na TV Record.
O tribunal atendeu a pedido do
procurador Antonio Carlos Martins Soares, para quem o governador fazia propaganda eleitoral ilícita. Garotinho diz que apenas
usava os programas para prestar
contas de suas realizações.
No principal cenário da última
pesquisa de intenção de voto do
Datafolha, Lula (PT) tem 35%; Ciro Gomes (PPS), 15%; Itamar
Franco (PMDB), 12%, e Garotinho, 11%. O governador aparece
em primeiro lugar na pesquisa
que mediu a satisfação quanto ao
desempenho dos governadores.
Universitários
Além dos programas sociais para a juventude carente, Garotinho
também tem frentes de expansão
junto à juventude universitária.
O último congresso da UNE
(União Nacional dos Estudantes),
realizado no mês passado em
Goiânia, contou com cerca de 700
delegados do Rio, a maioria militantes recém-filiados ao PSB.
Cerca de metade da delegação
fluminense não pôde votar devido à suspeita de irregularidades
levantada pelos organizadores do
congresso, que se disseram surpreendidos pelo crescimento do
número de socialistas do Rio.
O aumento dos militantes do
PSB é diretamente influenciado
pela entrada na legenda de Garotinho, que saiu do PDT no final de
2000. Números da direção regional do partido indicam 15 mil novos filiados. Antes da entrada do
governador, eram cerca de 5.000.
O deputado federal Alexandre
Cardoso, presidente regional do
PSB, defende esse crescimento,
visto como explosivo pelo senador Saturnino Braga e pelo deputado estadual Jamil Haddad, militantes históricos do partido.
Para Cardoso, a expansão incorpora jovens que estavam fora
da política institucional. "Temos
uma estratégia para crescer, mostrando que a participação partidária pode mudar a sociedade."
Entre os novos filiados do PSB
está Celso Ribeiro, que diz que os
Agentes Comunitários da Paz não
são induzidos a fazer o mesmo.
"Eles sabem que não precisam ser
filiados para continuar a receber o
benefício do programa."
Um dos supervisores do projeto
é Daniel Avelino, 21, filiado ao
PSB há seis meses. Ele é responsável pelo trabalho de mil agentes,
que atuam em 98 bairros do Rio.
"Discutimos com os jovens e
mostramos que toda ação transformadora é política. Não podemos criar um mundo novo se permitirmos que continuem as velhas práticas de corrupção", diz.
Colaborou ANTÔNIO GOIS, da Sucursal
do Rio
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