São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/PATRIMÔNIO

Ex-prefeito diz que decisão suíça prova que ele falava a verdade ao negar ter contas

Prefeitura de SP tenta agora reabrir o caso Maluf na Suíça

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
O candidato a prefeito Paulo Maluf (PP) acena para eleitores em frente a uma loja do Bom Retiro, bairro onde fez campanha ontem


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Prefeitura de São Paulo recorreu ontem da decisão judicial da Suíça que arquivou um procedimento instaurado para apurar crime de lavagem de dinheiro supostamente praticado pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP) naquele país. O Brasil prometeu ainda enviar à Suíça documentos que comprovariam fraudes praticadas durante a gestão malufista.
A notícia do arquivamento, que preocupou ontem as autoridades brasileiras, foi bem recebida por Maluf, que é candidato à Prefeitura de São Paulo. "É a constatação de que sempre disse a verdade. Não tenho conta na Suíça e não sou processado no Brasil. Era uma mera acusação falsa que existiu até pouco tempo por conta da eleição", disse o ex-prefeito.
O recurso foi impetrado pelo advogado Christian Grobet, contratado pela prefeitura na Suíça.
O Ministério da Justiça entrou ontem em contato com o procurador-geral de Genebra, Daniel Zappelli, que foi quem determinou o arquivamento do processo em que Maluf era investigado por supostamente usar bancos suíços para lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério da Justiça, Zappelli disse que o arquivamento foi "conveniência", já que Maluf não mora na Suíça e não tem contas lá desde janeiro de 1997 (os valores foram transferidos para Jersey e para Londres). Apenas provas novas, disse Zappelli, poderiam justificar a reabertura do caso. E é o que a Promotoria paulista irá preparar até setembro.
Um dos papéis que já está em poder do Ministério da Justiça é um laudo técnico mostrando que uma construtora contratada pela prefeitura durante a gestão Maluf pagou cerca de US$ 195 milhões para subcontratas que não prestaram serviços -Maluf nega.
"Queremos que esse caso continue na Suíça. Vamos precisar de mais informações da Justiça suíça", disse o promotor Sílvio Marques. O arquivamento foi noticiado anteontem pelo "Estado".

Improbidade
Sobre a viagem de dois funcionários da prefeitura paulista à Suíça, Maluf insinuou se tratar de improbidade administrativa (má gestão pública) praticada pela prefeita Marta Suplicy (PT) e disse que ela faria melhor se acabasse com a taxa de lixo e a de luz.
Partiram para a Suíça, a pedido da prefeitura e do Ministério da Justiça, o procurador-geral do município de São Paulo, Antonio Miguel Aith, e o secretário dos Negócios Jurídicos, Luiz Tarcísio Teixeria Ferrera.
"Quem comprou a passagem?", perguntou Maluf, que completou: "Você não acha que é improbidade administrativa mandar para o exterior funcionários públicos, com dinheiro público, para perseguir um candidato?".
Segundo o governo da Suíça e o de Jersey, apenas a suposta vítima pode atuar no processo e pedir a repatriação de valores daquele país para o Brasil. A vítima no caso é a Prefeitura de São Paulo.

Sylvia
A Promotoria de São Paulo apresentou também ao Ministério da Justiça a documentação necessária para levantar eventuais contas no exterior em nome da mulher de Maluf, Sylvia. Os papéis devem ser encaminhados para Suíça, Luxemburgo e França até setembro, pois ainda há algumas lacunas a serem preenchidas.
À Justiça Eleitoral, Maluf informou que Sylvia possui uma conta na França com com cerca de R$ 5,94 milhões. Em Luxemburgo, ela também teria uma conta, o que a família Maluf nega.


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