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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ MALA SUSPEITA
Segundo Thomaz Bastos, que se reuniu às pressas com o presidente, este pediu investigação do caso com rigor por a detenção se tratar de um fato "sério"
Prisão de petista parece pesadelo, diz Lula
ANA FLOR
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que as imagens do dinheiro apreendido com
o petista José Adalberto Vieira da
Silva, preso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, "pareciam
um pesadelo", segundo relatos de
seus auxiliares.
Lula se reuniu ontem à noite
com o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, para se informar
sobre a prisão.
À tarde, impaciente e sisudo durante a cerimônia oficial em que
Lula deu posse a três novos ministros, Thomaz Bastos disse a jornalistas que tinha "uma emergência" a resolver. Buscava ainda detalhes da prisão efetuada pela Polícia Federal.
Ao ver imagens no noticiário,
membros da cúpula do governo
disseram que o episódio era grave
e que poderia fortalecer o movimento para que José Genoino deixe a presidência do PT.
O petista preso é assessor do deputado estadual e líder do partido
na Assembléia do Ceará, José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de
Genoino.
Além de falar que as imagens do
dinheiro "pareciam um pesadelo", o presidente Lula fez a relação
com o caso que acabou envolvendo a hoje senadora Roseana Sarney (PFL-MA).
No começo de 2002, a Polícia
Federal fez uma batida na empresa do marido de Roseana, Jorge
Murad, e apreendeu R$ 1,34 milhão em notas de R$ 50. O montante, segundo Murad e Roseana,
era oriundo de doação feita para
campanha eleitoral.
O dinheiro acabou sendo devolvido à dupla, mas o estrago político havia sido feito: a operação
abortou a pré-candidatura presidencial de Roseana.
Ministro
Em rápida entrevista ontem à
noite, depois da reunião com o
presidente, Thomaz Bastos afirmou que Lula determinou uma
"completa investigação" sobre a
prisão pela PF de José Adalberto
Vieira da Silva.
Bastos foi chamado ao Palácio
do Planalto na noite de ontem para discutir a prisão com o presidente. "Reiteramos a determinação de que todos os fatos têm de
ser apurados até o fim", disse. E
completou: "Não perseguimos
amigos, não protegemos amigos,
não perseguimos inimigos".
Segundo o ministro, Lula reagiu
ao relato da prisão com um pedido de rigor nas investigações, por
se tratar de um fato "sério, que
precisa ser investigado".
Bastos afirmou que a atual crise
é uma oportunidade de se mudar
o "paradigma" e se fazer uma
"política de segurança de Estado,
não de governo": "Ao invés de
simplesmente caçar pessoas, fazer
uma prova firme, substanciosa,
uma apuração efetiva das coisas,
que não se limite ao julgamento
político".
Vieira da Silva foi preso pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ele carregava uma mala na qual havia
R$ 200 mil em espécie e, sob a
roupa, mais US$ 100 mil.
Questionado sobre a coincidência da prisão neste momento de
uma pessoa relacionada ao PT
-já que o preso Vieira da Silva é
assessor do irmão de Genoino-,
o ministro Thomaz Bastos descartou conjeturas.
"É uma hipótese difícil de se
afirmar ou negar num primeiro
momento. A pessoa estava com
dólares e reais, tentando embarcar. Não foi no curso de uma investigação ou de um inquérito, foi
flagrante delito", concluiu.
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