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PT adia decisão a respeito de Genoino
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A detenção de José Adalberto
Vieira da Silva, assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão de José Genoino, pôs por terra os esforços
do Campo Majoritário do PT, que
se reuniu ontem tentando definir
a permanência ou não de Genoino na presidência do partido.
Assim que soube desse caso,
Genoino saiu da sala. Até então, o
Campo Majoritário estava resoluto a viabilizar a permanência dele.
A partir disso, todas as intervenções, segundo o deputado José
Geraldo (PA) foram no sentido de
que essa prisão traz nova informação, que precisa ser analisada.
Na reunião, houve uma leitura
de que o fato pode ser uma armação, segundo Geraldo. "A minha
interpretação é que [a detenção é
um fato] planejado, que cumpre
um papel." Esse papel seria o de
enfraquecer Genoino.
O ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, que tinha saído à tarde
após defender a permanência de
Genoino, voltou para a reunião às
20h30. O tesoureiro afastado do
partido, Delúbio Soares, que não
havia participado das discussões à
tarde, chegou às 21h ao hotel onde
ocorria a reunião.
No fim da reunião, foi montada
uma comissão encarregada de
discutir com as demais correntes
do partido a mudança na Executiva. A comissão inclui o secretário
nacional de Direitos Humanos
Nilmário Miranda, o assessor especial da Presidência da República para Asssuntos Internacionais
Marco Aurélio Garcia, o prefeito
de Guarulhos (SP), Elói Pietá Genoino e Dirceu.
Desses, Elói Pietá já havia se manifestado favorável a saída de Genoino. Marco Aurélio falou para
Genoino refletir a respeito.
Segundo o deputado João Paulo
Cunha (SP), a negociação começa
pela substituição de Delúbio e Silvio Pereira, mas pode ser ampliada. O deputado Odair Cunha
(MG) diz que o Campo Majoritário está rachado e depende das demais correntes para tomar uma
decisão.
Maria do Rosário, candidata do
Movimento PT à presidência nas
eleições marcadas para setembro,
diz que o momento é gravíssimo
"É necessária uma ação global do
PT para tirar o partido dessa situação grave. Não há condição do
companheiro Genoino permanecer na presidência do partido. Ele
está esgotado como alternativa."
Antes da bomba
Antes do estouro da bomba que
foi a detenção do assessor do irmão de Genoino, o Campo Majoritário havia decidido oferecer
cargos da Executiva Nacional ao
moderado Movimento PT e às
correntes de esquerda para assegurar a permanência de José Genoino na presidência do partido.
A proposta incluía a Secretaria-Geral, a tesouraria (vagas com o
afastamento, na semana passada,
de Silvio Pereira e Delúbio Soares)
e a Secretaria de Comunicação,
ocupada por Marcelo Sereno.
Os aliados do ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil) atuaram para
que Genoino ficasse no comando
do partido. De tão veemente, Dirceu chegou a ser ameaçador: "Se
algum de vocês desconfia de nós,
tem que ser franco e dizer na nossa cara", disse o deputado federal,
indignado com a "guerra política"
travada na CPI dos Correios.
Dirceu disse ainda que "aquele
que defender a saída de Genoino
terá de apresentar uma alternativa para seu lugar". Ele chamou de
violência a quebra de sigilo dos
petistas feita pela CPI e afirmou
ainda que não há razão para permitir a saída de Genoino.
Numa reunião que consumiu
todo o dia, Genoino disse que estava à disposição do Diretório Nacional. "Estou preparado tanto
para sair quanto para ficar", disse,
ressalvando que preferiria ficar.
Apesar da articulação em torno
da manutenção de Genoino no
cargo, havia, ainda na noite de ontem, dissidência dentro do próprio Campo Majoritário. De acordo com o presidente do PT do
Rio, Gilberto Palmares, três hipóteses estavam sendo aventadas: a
reestruturação total do comando
do partido; a substituição pontual
de Delúbio Soares e Silvio Pereira
e o adiamento das eleições internas do partido.
Embora defendido por Dirceu,
o Campo dava como certa a saída
de Marcelo Sereno da Secretaria
de Comunicação.
Na reunião, Genoino fez um
mea culpa, reconhecendo que deveria ter prestado mais atenção
nos empréstimos obtidos pelo
PT.
O ex-ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini afirmou que "a direção precisa se recompor e cabe
ao presidente Genoino decidir se
tem condições do ponto de vista
político, pessoal e psicológico de
ficar".
Marco Aurélio Garcia, se disse
surpreso com a aparição do novo
empréstimo. Sobre Genoino, disse: "Meu coração está com ele,
minha cabeça tem dúvida".
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