São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2000


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RIO GRANDE DO SUL
Frente Ampla deverá retribuir o apoio recebido em 1999 ajudando campanhas em Santana do Livramento e também na capital
Partido uruguaio apóia PT na fronteira

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A Frente Ampla, principal partido de esquerda no Uruguai, está empenhada em ajudar o PT a eleger candidatos para prefeituras do Rio Grande do Sul, especialmente em Porto Alegre e na cidade de Santana do Livramento, que fica na fronteira.
A Agência Folha apurou que já foram realizadas reuniões na capital gaúcha envolvendo lideranças dos dois partidos. Normalmente, tais encontros, que ocorrem mensalmente, reúnem entre 25 e 50 pessoas em Livramento (488 km de Porto Alegre) ou Rivera (o lado uruguaio da fronteira).
Na política, a situação é semelhante. Muitos moradores de Livramento e de Rivera têm o que no Uruguai é chamado de ""doble chapa", ou seja, atuação política nos dois países.
Como a presença do PT foi marcante nas últimas eleições presidenciais uruguaias (em que o candidato frente-amplista, Tabaré Vázquez, perdeu no segundo turno para o candidato colorado, Jorge Batlle, o atual presidente), o apoio uruguaio deverá se estender a Porto Alegre.
""No ano passado (eleições presidenciais uruguaias), colocamos nosso diretório estadual à disposição da Frente Ampla, o que ocorreu, também, na fronteira. Na verdade, tudo isso é muito natural. Existe um grande entrosamento entre nós. É possível que eles nos ajudem não só na fronteira, mas também em Porto Alegre", disse, para a Agência Folha, o presidente regional do PT, Júlio Quadros, que confirmou estar entre os dirigentes estaduais petistas que irão no final deste mês até a fronteira para participar da reunião interpartidária.

Afinidade
""Eles nos ajudaram com estrutura, e nós vamos fazer o mesmo agora. É natural. Temos muita afinidade", disse a uruguaia Rosa Beltrame Quintana, da Frente Ampla, que vive em Porto Alegre há 23 anos e, dentro do seu partido, tem a incumbência específica de fazer o intercâmbio com o PT.
""Somos (a Frente Ampla) um partido de massa, de trabalhadores, assim como o PT. Não conheço nada igual a esses dois partidos, com as mesmas características e o peso políticos que eles tem, em toda a América Latina."
O frente-amplista Antonio Grimón, uruguaio que vive há 28 anos no Brasil e integra o conselho político do partido, disse que, nas reuniões da Frente Ampla, são tratados assuntos do Uruguai, mas, naturalmente, fala-se também das eleições gaúchas. ""Todo o frente-amplista da fronteira vai colaborar. Temos a utopia de que não existem mais fronteiras."

Vereador
Não é só a esquerda gaúcha que se mobiliza na fronteira com o Uruguai, recebendo apoios ou fazendo campanha em Rivera. Estima-se que haja 7.000 eleitores com direito de votar nos dois lados da fronteira.
O vereador Adílson Carrazzoni dos Reis (PPB), candidato à reeleição, tem distribuído panfletos na cidade uruguaia. ""Há muitos "doble chapas". Na dúvida, cumprimentamos todo mundo."
No caso do vereador, há até um cabo eleitoral uruguaio estrategicamente instalado em Rivera para coordenar sua campanha.
Com essa mesma tática, Reis, que é delegado de polícia, tornou-se o vereador mais votado em Santana do Livramento nas últimas eleições.
Dos 1.511 votos por ele conseguidos na época, muitos foram dados por ""doble chapas".


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