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PSDB e PT vêem
vantagem eleitoral
no acordo com FMI
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As cúpulas do PSDB e do PT,
que demonstraram afinação inédita nas negociações de bastidor
para viabilizar o novo acordo de
US$ 30 bilhões com o FMI, têm
uma avaliação em comum: são as
duas forças políticas que mais
saem ganhando eleitoral e politicamente com o acerto.
Na visão de tucanos e petistas,
Ciro Gomes (PPS) ganha menos,
porque um desastre econômico
agora afundaria de vez as chances
de José Serra (PSDB) chegar ao
segundo turno da eleição e alimentaria o argumento de que é
arriscado eleger presidente que
não tem experiência administrativa -um carimbo negativo de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para Lula, o acordo é visto como
a viabilização do seu primeiro ano
de governo. Para Serra, será explorado como exemplo de que a
segurança econômica é um dos
grandes trunfos dos tucanos na
condução do país.
A repercussão do acordo com o
Fundo Monetário Internacional
na candidatura Anthony Garotinho (PSB) é minimizada pelo
PSDB e PT. Garotinho foi contra.
Agora, segundo a assessoria, tende a apoiar com crítica. O fato é
que tucanos e petistas acham que
Garotinho está fora do jogo.
Na visão de Serra, desconstruir
Ciro é a solução para chegar ao segundo turno, já que Lula parece
ter garantida uma das duas vagas.
Para Lula, importa impedir que o
candidato do PPS chegue forte
demais à segunda fase da eleição.
Hoje, Serra é o terceiro nas pesquisas. O tucano está distante de
Lula e Ciro, respectivamente, os
dois primeiros colocados.
O presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou muito
o acordo por avaliar que está afastado o risco de uma crise econômica de proporções gigantescas
explodir durante o seu mandato,
o que mancharia sua biografia.
FHC também crê que amarrou os
passos do futuro presidente aos
fundamentos da atual política
econômica, que seria a única possível no atual grau de dependência econômica entre os países.
Apesar do tom crítico de apoio,
o PT contabiliza dois pontos que
reforçam a tese de que Lula sai ganhando com o acerto:
1) Os US$ 24 bilhões à disposição do próximo presidente podem diminuir temores de que haverá crise no primeiro ano de um
eventual governo petista. Na cúpula do PT, avalia-se que haverá
gradualismo nos primeiros dois
anos de um governo do PT até
que este diminua a vulnerabilidade externa herdada de FHC e aplique políticas distintas das atuais.
2) Os contatos com o presidente, conduzidos principalmente
pelo presidente do PT, José Dirceu, e o apoio ao acordo demonstram à opinião pública e aos setores econômicos que o partido teria atingido maturidade e confiabilidade para chegar ao Planalto.
Apesar de Dirceu negar, FHC
entrou em contato com ele em
um dos dias em que a cotação do
dólar explodiu, atingindo mais de
R$ 3,50. No contato, o PT deixou
claro que só avalizaria o acordo se
fosse mantida a meta de superávit
primário anual de 3,75% sem aumento de juros. A pressão petista
ajudou o governo a negociar.
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