São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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NO AR

Do rouco ao brejo

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- Ciro Gomes disse que seria o último a atrapalhar o esforço dos negociadores brasileiros.
Era o Jornal Nacional, anteontem, no esforço de retratar a aceitação pelos candidatos do acordo fechado com o FMI. Mas não foi bem assim. Quem mostrou melhor o quadro foi a rádio Bandeirantes:
- Ciro, que de manhã havia acenado com apoio às negociações com o FMI, à noite alegou rouquidão para não falar do desfecho.
Ontem, dia seguinte, Ciro continuou "rouco" para o assunto. Não queria de maneira nenhuma aparecer na televisão dando apoio ao acordo.
Lula, que anteontem evitou comentar, ontem saiu em apoio ao acordo quase com o entusiasmo de José Serra. Chegou a ecoar Míriam Leitão. Disse ela, na Globo:
- Com menos tensão econômica, o eleitor poderá votar sem espada na cabeça.
Disse Lula, na CBN:
- Agora faremos campanha sem espada na cabeça.
Serra, candidato do governo, apoiava o acordo antes mesmo de conhecer seu teor e tirou o dia para frases de efeito. À Jovem Pan, disse que "a vaca teria sido empurrada na direção do brejo" sem o acordo.
Quanto à "opinião pública", vale dizer, o consenso das Globos, seguem outros dois registros de ontem.
Para Franklin Martins, "o acordo com o FMI livra os presidenciáveis de incertezas econômicas na transição".
Para o lendário Alexandre Garcia:
- Se os US$ 30 bilhões beneficiam o candidato do governo, há dúvidas, mas não há de que beneficiam o próximo governo. Quem não se manifestou a favor até agora ou é por desconhecimento ou é por estar em dúvida sobre a quem o acordo poderia beneficiar.
Ele errou de Collor, desta vez.
 
A Jovem Pan noticiou que o tucano FHC se reuniu ontem durante cerca de duas horas com o candidato peemedebista ao governo do Ceará, Sérgio Machado.
No mesmo dia, no interior do Ceará, o tucano Tasso Jereissati inaugurou comitê conjunto com Ciro -com Ciro e mais um monte de candidato do PPS de sobrenome Gomes.
 
O JN foi frio no anúncio, mas o gráfico da pesquisa Ibope em que a foto de Ciro apareceu com 27% e a de Serra com 11% foi uma explosão.
Já Ciro, em cenas de palanque, lembrou mais do que nunca Collor em campanha.


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