São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Atletas não agüentaram pressão do governo cubano, diz empresário

Para Ahmet Öner, dono da alemã Arena Box, pugilistas queriam se profissionalizar e ganhar dinheiro

Segundo ele, o governo de Fidel Castro falava para os pugilistas "que, por conta da deserção, fariam isso ou aquilo a seus parentes"

Alejandro Ernesto/Efe
De volta a Cuba, o campeão de boxe Guilhermo Rigondeaux olha para um porco que seria morto a seguir e diz que não desertou no Pan

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Ahmet Öner, da empresa alemã Arena Box Promotion, que assumiu ter organizado a suposta deserção dos boxeadores Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, no Pan, afirmou que os cubanos não agüentaram a pressão de seu governo, inclusive sobre suas famílias, e que, por isso, adotaram discurso nacionalista e a versão de que foram aliciados e drogados, em vez de assumirem que queriam desertar.
"[Rigondeaux e Lara] dizem agora que estão arrependidos, que não fizeram nada. É tudo blablablá. Eles queriam ir para a Alemanha para se profissionalizar, pelo dinheiro. Só mudaram o discurso porque não agüentaram a pressão", disparou Öner, ao tomar conhecimento dos relatos da dupla por intermédio da Folha.
O turco baseado na Alemanha Öner também diz que as famílias de Rigondeaux e Lara sofreram pressão da parte do governo de Fidel Castro. ""Falaram para Rigondeaux e Lara que, por conta da tentativa de deserção, fariam isso ou aquilo a seus parentes. São bastante jovens, e não suportaram", afirmou o empresário.
Os cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara afirmam agora que foram drogados por representantes da firma alemã e, acima do peso, desistiram do torneio de boxe.
Em sua estréia no Pan, Rigondeaux batera o porto-riquenho Miguel Marrero por pontos, na tarde de sexta. Foi sua 104ª vitória consecutiva.
Rigondeaux e Lara vêm afirmando nos últimos dias que amam seu país, e o primeiro, que é bicampeão olímpico e mundial, até cantou o hino nacional durante uma entrevista divulgada ontem pela TV. Em artigo ontem, o ditador cubano, Fidel Castro, afirmou que os dois não participam mais da equipe do país.
O turco baseado na Alemanha reagiu com indignação ao ouvir que os cubanos dizem agora que foram drogados.
""Nunca. Nem eu e nem as pessoas que foram encontrá-los aí [no Brasil] jamais fariam isso. Não somos esse tipo de gente", argumentou Öner.
""Eles beberam e estiveram com as dançarinas porque quiseram, por vontade própria", esclareceu o empresário sobre o comportamento dos pugilistas cubanos.
A seguir, Öner argumenta que não necessitaria lançar mão desse recurso para levar os cubanos para a Alemanha.
Ele aponta como principal evidência o fato de empresariar quatro desertores, três deles amigos de Rigondeaux e Lara, campeão mundial até 69 kg.
""Sou o promotor dos três cubanos amigos deles, por que faria isso? Não precisaria, meus cubanos são meu cartão de visita", argumenta Öner, em referência a Yan Barthelemy, Yuriolki Gamboa e Odlanier Solis, pugilistas que desertaram em dezembro, durante campeonato na Venezuela, e assinaram com a Arena Box Promotion.
Os três pugilistas estão invictos e têm combates programados para o próximo mês.
A empresa é hoje também a ""casa" de um quarto cubano, Juan Carlos Gomez, ex-campeão mundial dos pesos-cruzadores no boxe profissional.


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