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ADMINISTRAÇÃO
Lula decretou limite
Governo estoura teto de gastos com viagens
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de oito meses de mandato, o governo Luiz Inácio Lula da
Silva mantém um ritmo lento nos
investimentos públicos e até nas
despesas do Fundo de Combate e
Erradicação da Pobreza, mas já
estourou o limite de gastos com
viagens para 2003.
Por decreto (número 4.591, de 8
de maio), Lula limitou os pagamentos de passagens e diárias a
60% dos valores registrados no
último ano de governo Fernando
Henrique Cardoso.
Em 2002, as viagens consumiram R$ 677,1 milhões. Até o final
de agosto, o Siafi (sistema informatizado de acompanhamento
de gastos federais) contabilizava
pagamentos de R$ 369,2 milhões
e mais R$ 109,5 milhões em despesas já comprometidas -os
chamados empenhos, no jargão
das contas públicas.
Ou seja, a quatro meses do fim
do ano, os pagamentos já haviam
alcançado 54% dos gastos com
viagens em 2002. Somadas as despesas já comprometidas, o percentual chega a 71%.
Em junho, quando as viagens já
mostravam ritmo acelerado, o
ministro Guido Mantega (Planejamento) reafirmou o compromisso de limitar esse tipo de gasto. "Se chegarmos ao limite, o pessoal vai viajar de bicicleta", disse o
ministro na ocasião.
Na última sexta-feira, Mantega
disse que o limite estava de pé e
que desconhecia um estouro nos
gastos. Mas o Tesouro Nacional já
trabalha com gastos maiores, passando por cima do decreto presidencial. Os ministérios estariam
liberados a gastar cerca de 90% do
valor das despesas com viagens
em 2002, ainda de acordo com informações do Siafi.
O Ministério da Defesa é o recordista no consumo de passagens e pagamento de diárias, seguido de perto pelo Ministério da
Saúde. Algumas situações chamam a atenção pelo absurdo. O
Ministério do Desenvolvimento
Agrário gastou, só em diárias,
quase o dobro do que investiu em
reforma agrária nos oito primeiros meses de governo. Foram investidos R$ 4,4 milhões e pagos
em diárias R$ 8,3 milhões. Em
passagens e despesas de locomoção, o Desenvolvimento Agrário
gastou mais R$ 3,8 milhões.
No conjunto da Esplanada, a cada R$ 1 investido entre janeiro e
agosto pelo governo, R$ 0,75 foram consumidos em viagens.
Mantega disse que o governo
não havia reconsiderado o limite
de gastos para viagens. Para ajudar a reduzir custos, o ministro já
havia baixado em abril portaria
determinando que as viagens teriam de ser programadas com antecedência mínima de dez dias.
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