São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / POLÍTICAS PÚBLICAS

Sistema de progressão continuada no ensino divide os candidatos

Marta critica a aprovação automática nas escolas; medida implantada por Erundina é defendida por Kassab e Alckmin

A coordenadora do curso de Pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo, defende sistema e diz que críticas aparecem nas eleições


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
A auxiliar de limpeza Camila Aparecida Silva com suas filhas Danielle, 2 meses, no colo, Otilia, de 11 anos, e Vitoria, de 8 anos

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os quatro primeiros colocados na última pesquisa de intenção de voto do Datafolha divergem sobre a adoção do sistema da progressão continuada na rede de ensino fundamental do município. O sistema, em vigor na capital desde a gestão de Luiza Erundina (1989-1992), estabelece que os alunos só podem ser reprovados por nota na 4ª e na 8ª série.
A líder na disputa, Marta Suplicy (PT), é contrária à progressão continuada. Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) defendem o regime.
Uma eventual mudança nas regras de aprovação no ensino fundamental gerará um grande impacto na estrutura da rede municipal. Atualmente 518 mil alunos estudam sob o regime em 478 unidades educacionais.
A maioria dos especialistas em educação é favorável ao sistema, porém critica o modo como ele é aplicado nas escolas da rede pública.
"Não somos favoráveis à aprovação automática", afirmou Marta. Para a candidata petista, "é necessário um sistema de acompanhamento pedagógico, com a ampliação do número de horas/aula ministradas, para que o aluno com dificuldade de aprendizado adquira o conhecimento necessário para cumprir os requisitos básicos de cada ciclo".
Marta, que manteve o sistema em sua gestão (2001-2004), não afirmou, porém, se vai abolir a progressão continuada no município. "Abriremos um processo de discussão com os profissionais da rede, entidades sindicais e entidades sociais", disse ela sobre o tema.
Já Geraldo Alckmin, segundo colocado na pesquisa do Datafolha, adotou o sistema nas escolas estaduais quando foi governador (2001-2006). Ele diz que pretende aperfeiçoar o regime e que manterá a possibilidade de reprovação por faltas na rede de ensino fundamental.
"Não podemos criar a cultura do fracasso. É um passo para a evasão escolar. Temos que ajudar as crianças em seu processo de aprendizagem, com um sistema de avaliação constante", afirmou o candidato tucano.
Kassab também diz que vai manter as atuais regras de aprovação. "O sistema, adotado há quase 30 anos na cidade, é o mais adequado, desde que a prefeitura trabalhe também a qualidade de ensino em todos os seus aspectos, como na qualificação do professores, no incremento da estrutura física e na ampliação do suporte aos alunos", afirmou o prefeito.
Maluf garante que a progressão continuada será abolida em um eventual novo mandato dele na prefeitura. "O sistema de progressão continuada não será usado em minha administração. Para que o aluno passe de ano ele terá que estudar e fazer exames ao fim de cada ano", disse o candidato.

Falhas no sistema
A coordenadora do curso de Pedagogia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Ângela Soligo, diz que o sistema da progressão continuada é criticado por políticos e parte da classe dos educadores principalmente nos períodos eleitorais. Para Soligo, muitas das críticas são feitas a partir de uma compreensão equivocada sobre o sistema.
"A progressão continuada não pode ser tomada apenas como um mecanismo de promoção automática do aluno. A idéia que inspira o sistema é a de que estudante e o professor possam trabalhar sem o desespero provocado pela necessidade de obtenção de notas nos finais de cada ano", disse a docente da Unicamp.


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