São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Mendes sugere ter sido alvo de outras escutas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao depor ontem na Polícia Federal, que investiga grampos ilegais envolvendo autoridades, o presidente do STF, Gilmar Mendes, confirmou o teor da conversa grampeada entre ele e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Mendes disse desconfiar ter sido alvo de outras escutas.
Relatou aos delegados responsáveis pelo caso, William Morad e Romulo Berredo, um acórdão de um habeas corpus no qual ele contou a colegas ministros, durante uma sessão, sua suspeita.
No acórdão lido, Mendes descreve que, em 18 de maio de 2007, após receber pedido de habeas corpus de um dos envolvidos da Operação Navalha , ele conversou por telefone com o procurador-geral, Antonio Fernando Souza. "Durante o almoço, em torno das 13h30, recebi telefonema do procurador-geral da República a respeito da mencionada Operação Navalha, em curso perante o Superior Tribunal da Justiça", disse Gilmar em plenário, segundo está escrito no acórdão de 1º de abril deste ano.
"O procurador-geral informou-me sobre as circunstâncias do caso e disse-me que a relatora, ministra Eliana Calmon, pretendia revogar as prisões tão logo [fosse] realizada a audiência. Em face disso, observei que ele conhecia a jurisprudência do tribunal sobre prisões preventivas", disse, indicando que soltaria os presos antes dos interrogatórios, como o fez. "Logo após chegar em São Paulo [às 14h30], recebi telefonema da jornalista Silvana de Freitas, da Folha de S.Paulo, que indagou sobre detalhes da minha conversa com o procurador-geral da República. Além disso, a mencionada jornalista informou-me que "fontes da Polícia Federal comentaram que eu iria libertar todos os presos da Operação Navalha'".
"Recebi a informação de que o ministro, como relator de vários habeas corpus relacionados à Navalha, poderia soltar os presos no fim de semana", disse Silvana de Freitas, hoje secretária de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral. (FELIPE SELIGMAN)


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