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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Dois pefelistas se ausentam do plenário, pedetista vota contra e tucano se abstém
Mudança de voto de 4 deputados salva Paulo Afonso de impeachment
FÁBIO ZANINI
FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Florianópolis
A Assembléia
Legislativa de
Santa Catarina
arquivou ontem
o processo de
impeachment
do governador
Paulo Afonso
Vieira (PMDB).
O parecer da Comissão Especial
Processante, que recomendava a
condenação do governador, recebeu 25 votos favoráveis, dois a menos que o mínimo necessário.
Para afastar temporariamente
Vieira, a oposição precisaria de 27
votos, o equivalente a dois terços
do total de 40 deputados.
Votaram contra 12 deputados, 1
se absteve e 2 não compareceram à
sessão da Assembléia.
O governador conseguiu escapar
devido à mudança de posição de
quatro deputados estaduais, que
integram bancadas da oposição.
Na primeira votação do processo, em 30 de junho, eles manifestaram-se favoravelmente ao impeachment, que recebeu, na ocasião, 29 votos.
Ontem, Jaime Mantelli (PDT),
que havia recomendado o impeachment quando era relator do
processo, juntou-se aos 11 deputados do PMDB e votou contra.
Os pefelistas Onofre Agostini
-líder da bancada- e Ciro Roza
chegaram a estar presentes à reunião, mas ausentaram-se na hora
da votação. O tucano Jorginho
Melo absteve-se.
Com a rejeição do relatório, o
processo político encerra-se automaticamente, mas ele continua a
correr na Justiça comum.
Vieira é suspeito de ter praticado
irregularidades na emissão de títulos públicos para o pagamento de
precatórios (dívidas decorrentes
de sentenças judiciais).
Também foram encerrados os
processos de cassação dos direitos
políticos do ex-secretário de Fazenda Paulo Paraíso e do ex-procurador-geral do Estado João Carlos Hohendorff, que tiveram participação na emissão dos títulos.
O processo relativo ao vice-governador José Augusto Hulse
(PMDB) foi suspenso até que o Supremo Tribunal Federal se manifeste quanto ao quórum necessário para sua abertura.
A sessão na Assembléia foi tumultuada e tensa. A posição dos
deputados Mantelli e Melo foi revelada apenas na hora da votação e
foi bastante comemorada pelos
governistas.
Logo após a votação, às 13h25,
Vieira comemorou com um grupo
de cerca de mil simpatizantes na
praça em frente ao palácio do governo.
"Depois de quase um ano de
muita luta, estamos reencontrando a paz", declarou o governador,
em meio ao estouro de fogos.
À oposição, frustrada, restaram
os protestos: "Perdemos uma
grande oportunidade de fazer justiça. Agora, resta o julgamento nas
urnas no ano que vem", disse o
presidente da Assembléia, Francisco Kuster (PSDB).
A "tropa de choque" do governador disse estar aliviada. "É hora
de desvestir a pesada casaca do impeachment e tocar em frente o governo", declarou o líder do PMDB,
Sergio Silva.
Protestos bem-humorados, bate-bocas e muita tensão marcaram
as mais de quatro horas de duração da sessão extraordinária. A
sessão foi aberta, às 9h10, com discursos dos parlamentares.
Pouco depois, chegaram ao plenário os dois deputados do PFL
que acabaram votando com o governo, Onofre Agostini e Ciro Roza. A dúvida quanto ao voto deles
foi desfeita em um pronunciamento de Roza.
Da tribuna do plenário, ele declarou que os dois iriam se abster
da votação, arrancando aplausos
da bancada do PMDB.
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