São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Ciro anuncia apoio 'irrestrito e entusiástico'

PATRICIA ZORZAN
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

Apesar de reafirmar suas divergências com o PT, o candidato derrotado à Presidência Ciro Gomes declarou ontem oficialmente seu apoio a Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno e seu partido, o PPS, não descartou a possibilidade de vir a participar de um eventual governo petista.
"O apoio é eleitoral. Depois se discute se vamos assumir responsabilidades em um eventual governo. Isso é algo a posteriori", disse, ao lado de Ciro, o presidente da sigla, Roberto Freire.
Segundo Freire, a decisão foi unânime entre os representantes da legenda que participaram de reunião da Executiva Nacional realizada ontem, em Fortaleza.
"Estamos aqui para apontar à nossa militância um apoio irrestrito e entusiástico à candidatura Lula, a despeito de nossas divergências no primeiro turno", afirmou Ciro, que, durante a campanha, criticou o petista por sua falta de experiência administrativa, e o PT, pela falta de projetos.
"Se não tivesse divergências com o Lula, teria votado nele. Mas agora não é hora de ressaltar divergências. É assim que se organizam as forças no segundo turno", justificou. ""Isso não quer dizer que nossas divergências foram superadas. Apenas não é hora de expô-las." O ex-candidato do PPS também se colocou ""à disposição" do PT para qualquer colaboração. ""Como participar, eles vão dizer", disse Ciro, que deve encontrar Lula até o final da semana.
Dirigentes do PPS disseram à Folha que o pepessista foi convidado a integrar a coordenação da candidatura petista e que tende a aceitar a proposta.
Contrário ao estilo "Lulinha paz e amor" adotado pelo presidenciável e de várias propostas da sigla, o PPS evitou críticas públicas aos mais novos aliados.
"Não vou tentar mudar [a campanha do PT] em nada, salvo se alguém me perguntar se ele deve continuar com essa postura", afirmou Freire, um dos maiores opositores do comportamento de Lula. "Se [Lula] quiser discutir, discutimos. Mas não colocamos isso como exigência à participação."
O senador também não quis polemizar quanto ao eventual apoio ao petista de forças ligadas à direita. "Podíamos reclamar quando era a nossa [candidatura]", declarou ele, que impediu o apoio formal do PFL a Ciro. Apesar da adesão nacional à candidatura Lula, o PPS liberou os diretórios estaduais para alianças que atendam a seus interesse locais.
A decisão pró-Lula foi tomada sem a participação dos demais partidos que integram a Frente Trabalhista. Na avaliação de Freire, a Frente foi desfeita, já que foi organizada apenas para a eleição presidencial. Ciro, entretanto, disse ter conversado com lideranças do PDT e do PTB.
"Poderíamos até sentar para dizer se continuaríamos juntos, mas achamos melhor não, até para evitar alguns constrangimentos", afirmou Freire. O PDT anunciou ontem seu apoio ao PT, mas parlamentares do PTB têm defendido a união a José Serra (PSDB).
O senador disse ter sido procurado por Serra e por José Aníbal, presidente do PSDB. "Falei que a nossa tendência era outra."

Futuro político
Ciro disse que quer permanecer na vida pública, mas se recusou a falar sobre o futuro. "Meu futuro político a Deus pertence", afirmou, sem responder se concorreria pela terceira vez à Presidência.


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