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AMAPÁ
Dinheiro para compra de votos foi apreendido
Sessão espírita "escondia" crime eleitoral
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma complicada operação de
busca e apreensão foi realizada
em Macapá (AP), entre a noite de
sábado e o domingo da eleição, a
partir da denúncia de que R$ 1
milhão em espécie fora remetido
de outro Estado para a compra de
votos, operação feita sob a "proteção" de uma sessão espírita.
"Com mandado de busca, dois
juízes eleitorais foram barrados
pelos moradores, alegando que
estava sendo realizado um culto
religioso", diz o procurador da
República Manoel Pastana, 40.
A casa foi cercada, para ser invadida pela manhã, mas, à noite, como forma de pressão, as sirenes
foram ligadas. Surgiram dois advogados, que, a título de representar os proprietários, negociaram
com o procurador a entrada dos
oficiais e da polícia, desde que eles
não fossem ao segundo andar,
onde se realizava o culto.
"Desconfiei que estivessem
queimando dinheiro no meio da
cerimônia, pois as velas não eram
suficientes para fazer tanta fumaça", diz Pastana.
O procurador conhece os advogados, que representam grupos
políticos de Macapá. Mas Pastana
evita informar a qual partido estão ligados, alegando que ainda
não formalizou a acusação.
De madrugada, dois participantes tentaram sair da casa, dizendo
que "iriam comprar cachaça para
uma "entidade" que queria beber",
mas o procurador não permitiu.
A confusão aumentou, segundo
o procurador, quando o juiz eleitoral deu um tiro para o ar, tentando assustar um rottweiller que
mordera um oficial de justiça.
Como o culto não terminava, a
polícia foi autorizada a subir no
telhado e a vasculhar o forro da
casa. Com os gritos de um policial, avisando que encontrara dinheiro dentro de sacolas, a cerimônia foi interrompida.
No local do culto, foram apreendidos fichas e envelopes com nomes de eleitores e "material indicativo de captação de sufrágio",
segundo narrativa de Pastana.
O procurador diz que as sacolas
foram lacradas. Todos foram levados para a Polícia Federal.
"No caminho da delegacia, uma
"entidade" incorporou num pai-de-santo e começou a me xingar",
conta Pastana.
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