São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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ASSEMBLÉIA

PT terá a bancada mais numerosa, com 23 deputados; PSDB terá seis representantes a menos que na última eleição

Governador não terá maioria automática

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A totalização dos resultados eleitorais em São Paulo, terminada ontem à noite, indica que José Genoino (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) teriam hoje, teoricamente, dificuldades em montar uma base de apoio estável na Assembléia -que tem 94 deputados.
Repete-se, com isso, no plano estadual, um cenário legislativo parecido ao que o Congresso apresenta aos dois finalistas dos mesmos partidos á Presidência.
As mudanças na Assembléia são de peso. O PT substitui o PSDB como bancada mais numerosa. Os petistas elegeram 23 deputados, nove a mais que em 1998. Por sua vez, o PSDB tem agora 18, o que vem a ser seis a menos que na última eleição.
Entre os outros indícios de um reequilíbrio interno de forças, há o fato de o PTB e o PFL, tradicionalmente ligados a Alckmin, perderem respectivamente sete e três deputados. No atual bloco de oposição, o PDT ganha três.
Quanto ao PT, um eventual governo Genoino também teria problemas. O PSB perde duas cadeiras. O PL, mesmo tendo disputado a eleição em São Paulo coligado a Paulo Maluf, terá na legislatura quatro deputados a menos, numa bancada que poderia, em tese, e se o deputado Arthur Alves Pinto assim o aceitar, repetir localmente a coalizão que o partido quer fazer no Congresso, em Brasília, em caso de vitória de Lula.
O fato é que a Assembléia vive há anos -desde 1983, mais precisamente- uma situação de maioria automática, favorável ao governador. É possível que a "cultura interna" do Legislativo continue a favorecer acordos que não ameacem a supremacia do Executivo no Estado. Mas desta tudo indica que não será tão fácil.
Na história republicana, a Assembléia Legislativa foi de início uma instituição em que as elites letradas exerciam de forma peculiar e brilhante a arte de dar palpites. Entre seus ex-presidentes, estão Peixoto Gomide, Alves Guimarães, Cerqueira César ou Luís Pereira Barreto.
Entre 1945 e 1964, instalada no prédio em que hoje funciona o gabinete da prefeita, ela prosseguiu como centro de debates. Confrontos entre o então PTB e a então UDN são registrados como exemplares em livros de história.
No final dos anos 70 ela conseguiu se associar à sociedade civil para discutir o fim do autoritarismo. Da anistia às diretas-já, muito da agenda democrática passou pela Assembléia.
Paralelamente, ela cresceu durante o governo de Paulo Maluf, em 1979, quando a oposição, fortalecida, obrigava o Executivo a redefinir suas políticas.
A eleição de domingo proporcionou uma renovação das bancadas. O que mais chama a atenção é a derrota eleitoral de velhos quadros partidários.
Nabi Chedid não foi reeleito, e sem ele desaparece o único representante do PSD, partido que cresceu nos governos Quércia e Fleury, por abrigar próximos do governo que, por animosidades regionais, não cabiam no PMDB.
Wadih Helú, do PPB, não se reelegeu. Ele procurava um nono mandato consecutivo de deputado estadual. Teve menos de 23 mil votos. Ainda na área malufista, o coronel Erasmo Dias não chegou a 19 mil votos e fica com uma suplência bastante remota.
Mas outros nomes permanecem. A "bancada da segurança pública", por exemplo, mantém Edson Ferrarini (PTB) e Afanasio Jazadji (PFL).



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