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Publicitário foi avalista de tucano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A lista de empréstimos nos bancos Rural e BMG que tiveram algum tipo de participação do publicitário mineiro Marcos Valério
Fernandes de Souza -entregue
pelas instituições à CPI dos Correios- revela que o empresário
foi avalista de um funcionário
graduado do governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
Valério avalizou operação de
Luiz Otávio Mota Ziza Valadares,
que durante cinco anos da gestão
FHC exerceu o cargo comissionado de presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). Ziza obteve, em empréstimo
pessoal, R$ 250 mil do Banco Rural no dia 16 de dezembro de 2002
-pouco antes de deixar o cargo,
em janeiro de 2003.
Em 1992, Ziza foi secretário de
Esportes do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) na sua
gestão como prefeito de Belo Horizonte (MG). Segundo ele, nada
houve de irregular no empréstimo. "Eu e Valério somos amigos e
ele se ofereceu para ser avalista.
Paguei, graças a Deus, naquela
época mesmo", disse Ziza. O empréstimo foi quitado em 8 de
agosto de 2003.
"A pedidos"
A versão apresentada à Folha
por Valério na última sexta-feira,
por escrito, por meio de sua assessoria, diverge num ponto da de
Ziza. O publicitário afirmou ter
assinado o aval "atendendo a pedidos do amigo".
A CBTU, empresa que opera
trens urbanos em seis capitais e
atualmente financia a construção
dos metrôs de Salvador e de Fortaleza e a ampliação dos metrôs
de Recife e de Belo Horizonte, era
ligada ao Ministério dos Transportes até 2002. Hoje, está vinculada ao Ministério das Cidades.
Ziza disse ter sido indicado ao
cargo pelo então ministro dos
Transportes, Eliseu Padilha
(PMDB-RS).
"A CBTU nunca teve contratos
com Marcos Valério. Nunca teve
nada de publicidade", afirmou o
ex-presidente da companhia, que
preferiu não dizer à reportagem
que destino deu aos recursos do
empréstimo que contraiu.
Outro tucano
Além do ex-presidente da
CBTU, outro tucano de projeção
em Minas Gerais teve Valério como avalista num empréstimo
pessoal. O tesoureiro da campanha eleitoral de Azeredo ao governo de Minas em 2002, Cláudio
Mourão, também obteve R$ 200
mil em empréstimo pessoal do
Banco Rural.
Segundo os documentos enviados às CPIs, Valério foi avalista de
Mourão ao lado de Bruno Bedinelli Filho, dono da empresa Diedro
Construções. A empreiteira chegou a vencer uma licitação lançada pela CBTU para a construção
de uma estação de metrô em Belo
Horizonte, mas o contrato sofreu
objeções do TCU (Tribunal de
Contas da União) em 2002 e não
saiu do papel, segundo Ziza.
"Quanto ao senhor Cláudio
Mourão, Marcos Valério prestou-lhe um favor, dando-lhe seu aval
em empréstimo bancário, em nome do bom relacionamento que
mantiveram durante a campanha
para o governo de Minas Gerais,
em 1998, do atual senador e presidente do PSDB, Eduardo Azeredo", afirma o texto enviado pela
assessoria do publicitário.
Valério montou com Mourão,
em 1998, uma operação nos mesmos moldes da realizada pelo PT
nacional entre 2003 e 2004. Contraiu empréstimos no Rural para
repassar os recursos a políticos ligados à campanha dos tucanos.
(RUBENS VALENTE e MARTA SALOMON)
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